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Mostra revê obra de Laerte em labirinto

Exposição espalha mais de 2.000 trabalhos de cartunista em estrutura montada em SP

Desenhos da juventude e trabalhos recentes podem ser vistos a partir deste domingo no Itaú Cultural, na av. Paulista

JULIANA GRAGNANI DE SÃO PAULO

Percorrendo um labirinto, Laerte Coutinho se depara com um texto escrito por seu filho, Rafael Coutinho, 34, curador de uma retrospectiva sobre a obra do pai.

"Nesse labirinto que é a sua obra, existe uma criatura que ronda, tal como no mito do Minotauro. Inquietação ou angústia, um superego solto, uma entidade sem sexo, que acuada, ataca. Vive dentro do artista ou é parte dele. Exoesqueleto que o controla e o direciona. Pode ser o próprio Laerte, criatura entre nós. Ele, meu familiar pai, um monstro", diz o texto.

Ao telefone com o filho do outro lado da linha, Laerte, 63, confessa: "Olha, cara, seu texto... Quase chorei lendo".

Mais de 2.000 obras de Laerte estão expostas na mostra "Ocupação Laerte", no Itaú Cultural, em São Paulo, que abre neste sábado (20) para convidados e no domingo (21) para o público.

São trabalhos que percorrem o espaço expositivo de um labirinto. Há personagens conhecidos do público, como os Piratas do Tietê, Deus, Hugo e sua versão travestida, Muriel, os moradores do Condomínio, entre outros.

Também estão na mostra materiais feitos pela cartunista (no feminino, como prefere) para a revista "Balão", para a Folha e para a Oboré, agência especializada em comunicação sindical, entre outros.

O formato de exposição das obras faz referência ao "Minotauro", história escrita por Laerte para a revista "Geraldão", de Glauco (1957-2010), entre 1987 e 1989, em que um herói entra no espaço para confrontar o Minotauro e, ao matá-lo, acaba se tornando a criatura.

Mas também alude à própria obra de Laerte, segundo Rafael. "Esse caminho pareceu ser o mais correto pra simbolizar essa profusão, essa quantidade tão volumosa de Laertes que ele construiu, as diferentes carreiras dentro da carreira de quadrinista", diz.

VOLTA À JUVENTUDE

Uma delas é o que Laerte define como sua terceira fase, de mais liberdade e desvinculação de regras, que começou nos anos 2000 e caminhou paralelamente ao processo em que se assumiria como transgênero, transformação que ainda vê como contínua.

Nessa etapa de agora, que se seguiu às amarras da "profissionalização", Laerte não cria novos personagens e não faz narrativas cômicas.

Hoje, volta-se para a poesia, buscando a fantasia e a fuga do automatismo. É uma espécie de volta e homenagem à juventude, quando, dos 15 aos 17 anos, diz, experimentou com o surrealismo. "Isso tem eco na experimentação que vivo. Estou vivendo o reino das possibilidades o tempo inteiro", diz Laerte.


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