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Otis Trio lança 1º disco de jazz autoral com punk do ABC

Grupo que vem da região da Grande São Paulo lança o álbum nada acadêmico '74 Club', com pegada de rua

Mistura de hard bop e free jazz, banda instrumental que costuma ser mais que três toca hoje em SP

RONALDO EVANGELISTA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Se dividirmos a música instrumental brasileira nas gavetas habituais, entre samba-jazz, versões de standards americanos ou experimentalismos pós-Hermeto, o Otis Trio não cabe em nenhuma.

Com seu recém-lançado álbum "74 Club" (gravadora Far Out), se apresentam ao vivo hoje em São Paulo.

Formado por Flávio Lazzarin na bateria, João Ciriaco no contrabaixo acústico e Luiz Galvão na guitarra, mais constantes músicos convidados, o Otis vem da região do ABC, em São Paulo, e há alguns anos tem desenvolvido seus temas autorais tocando ao vivo pela noite paulistana.

Seguindo uma sonoridade ligada ao hard bop e ao free jazz, ao mesmo tempo assumem e assimilam seus sotaques, com uma enérgica pegada de rua, nada acadêmica.

A abordagem faça-você-mesmo talvez não seja à toa com as origens do Trio no ABC, centro histórico do movimento punk em São Paulo.

"A gente foi assumindo cada vez mais esse universo punk, porque foi também o que a gente aprendeu ouvindo e lendo sobre os caras de que gostamos", detalha Lazzarin. "Tinha aquela cultura americana da época, de pivete já ir estudando música, então já vinham com uma bagagem maior, mas o bagulho também era punk."

Como boa herança das bandas de rock --ou das formações de jazz em suas origens--, entenderam também que a mágica do coletivo é ser maior que a soma das partes.

"Na cena de jazz hoje as coisas são sempre calcadas nos nomes individuais. Todos os caras são muito bons, mas nunca se juntam. Grupo é uma coisa que ganha força, traz identidade. Porque o quarteto do Coltrane era demais? Ou as bandas do Miles? Tocavam muito tempo juntos."

Muito tempo tocando junto como forma de encontrar identidade, uma arte esquecida. "Outro dia num festival de jazz vi um cara tocando igualzinho o Wayne Shorter. Adorei. Mas não é o que queremos fazer", diz Ciriaco.

"A gente gosta de standard, mas gosta mais de ouvir do que de fazer", confirma Galvão. "Na maioria dos casos, na cena de jazz, por mais que seja improviso, é mais calcado em ser bom intérprete, com os caras sempre tocando os mesmos standards. Acaba sendo todo mundo bom igual, entende?"

Ele contextualiza: "Quando Duke Ellington escreveu "Caravan" nos anos 1930, tinha sentido aquela cena, a galera que estava próxima, também tocar "Caravan". Mas agora...?" Lazzarin completa: "Cadê os standards de hoje? Os sons legais mesmo?"


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