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Crítica - Comédia

Filme apela para frases bobas para explicar humor regional

QUANDO O DIRETOR SETH MACFARLANE USA A CULTURA POP PARA CRIAR SEU HUMOR, O FILME MELHORA ENORMEMENTE

DOUGLAS LAMBERT EDITOR-ASSISTENTE DA "TV FOLHA"

"Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola" possui um problema sério, que dura o filme todo: a tradução.

A comédia talvez seja um dos gêneros que mais dependa do bom entendimento da história e dos diálogos, mas aqui nada dá certo, a começar pelo título.

No original ("A Million Ways to Die in the West"), entende-se que exista um milhão de maneiras de morrer no Velho Oeste, onde tudo é perigoso, a saúde é precária e até coisas simples como tomar um drinque pode resultar em uma morte estúpida.

A premissa é bastante simples e seria um baú de piadas, não fosse o filme dirigido por Seth MacFarlane.

Conhecido por ser o criador da série animada "Family Guy", MacFarlane faz um tipo de humor que depende muito do conhecimento prévio do espectador sobre determinado assunto.

Ao falar sobre racismo, por exemplo, pode parodiar questões muito específicas do noticiário americano, desconhecidas do público brasileiro, criando a sensação de que a piada começou a ser ouvida na metade.

Assim, sendo o faroeste um gênero diretamente ligado à história dos EUA, muito do humor se perde. É possível notar que essa questão foi levada em consideração antes mesmo da produção, já que quase tudo é excessivamente explicado nos diálogos, em uma tentativa de preparar o espectador para a piada. Isso deixa, porém, o filme tão chato, que quando ela finalmente chega já é tarde demais.

Essa possível falta de sintonia do público internacional com um humor tão regional parece ter forçado a tradução a apelar para frases bobas de duplo sentido --como no título-- ou a uma reinvenção completa das falas, contextualizando as coisas de uma maneira que não corresponde ao que é mostrado na tela.

Aos que têm boa memória, lembra a escolha de traduzir uma piada no filme "Debi & Lóide" (1994) com um bordão popularizado por uma propaganda de cerveja da época.

Mas se, por um lado, referências tão específicas não fazem sentido, quando MacFarlane usa a cultura pop para criar seu humor, o filme melhora enormemente. Foram só duas, uma após os créditos, mas que quase beiraram a genialidade.

Pena que o recurso não tenha sido utilizado mais vezes. O filme certamente seria melhor.


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