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Mauricio Stycer

TV em crise? Viva a crise!

Em uma mesma noite, três atrações mostram como a TV aberta ainda é relevante e capaz de entreter o público

Os prognósticos sobre o futuro da TV aberta no Brasil assumem tom apocalíptico quando se observam os números de audiência. O Ibope tem registrado um movimento constante de queda, já há alguns anos, no resultado das principais emissoras.

No esforço de entender o que, de fato, está acontecendo, especula-se que parte da audiência perdida esteja migrando para TV paga, internet e outras mídias. Também é motivo de inquietação entre os executivos a queda sistemática do número de aparelhos ligados em horários considerados nobres.

Em contraste, a receita da publicidade segue firme, com viés de alta. Dados do projeto Inter-Meios ("Meio & Mensagem") referentes ao primeiro semestre de 2014 mostram que o investimento publicitário em TV aberta cresceu 22% comparado ao mesmo período do ano anterior, respondendo por 69% do total do mercado de mídia. O crescimento registrado em TV paga foi bem maior, da ordem de 49%, mas a participação do segmento está em torno de 5%.

Em números absolutos, a TV aberta no primeiro semestre obteve R$ 11,91 bilhões de receita originada da venda de espaço comercial; a TV fechada ficou com R$ 926 milhões.

Esses dados ajudam a explicar, ao menos em parte, a vitalidade que se observa na tela. Cito na sequência três exemplos observados em uma mesma noite, na terça-feira (16).

A Globo estreou uma série chamada "Sexo e as Negas", livremente inspirada em "Sex and the City". O programa idealizado por Miguel Falabella apresenta as aventuras de quatro mulheres negras, moradoras da favela Cidade Alta, em Cordovil, na zona norte do Rio.

Dez dias antes da estreia, uma campanha nascida no Facebook disseminou um pedido de boicote à série, acusando-a de racista e sexista. As queixas chegaram à Secretaria Especial da Promoção da Igualdade Racial, em Brasília, e ao Ministério Público Federal, no Rio.

O barulho produzido, ainda que fora do tom, na minha opinião, mostra como a TV aberta permanece como um dos principais territórios para a discussão de temas de relevância política e social.

Também segue como espaço para entretenimento de boa qualidade, como tem mostrado o programa "MasterChef", na Band. Trata-se de uma adaptação, com tempero próprio, de um formato britânico já exibido em mais de uma centena de países.

O concurso vai premiar, ao fim de uma série de tarefas, um cozinheiro amador entre muitos candidatos. Eles são avaliados por um trio de conhecidos chefs --e é deste confronto que vem a graça.

A Band foi muito feliz na escolha do seu time, formado pelo brasileiro Henrique Fogaça, o francês Erick Jacquin e a argentina Paola Carosella. Ainda que com estilos bem diferentes, os três fazem a linha "durona", dando broncas homéricas nos assustados candidatos a chef.

Confesso que há algo de sádico no prazer oferecido pelo "MasterChef", assim como na diversão que me proporciona "A Fazenda", da Record, cuja sétima edição acaba de estrear.

No esforço de se renovar, o programa trouxe duas irmãs gêmeas, as cantoras Pepê e Neném, como candidatas. É a primeira vez que ocorre esta situação num reality brasileiro.

A TV aberta está em crise? Parece que sim. Mas, por ora, dá para dizer: viva a crise!


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