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Crítica - Documentário

Relato de atriz emociona, mas retrato político de Cuba é falho

Longa aborda país a partir do retorno a Havana de transexual exilada no Brasil

O CARISMA DE PHEDRA DE CÓRDOBA MANTÉM A NARRATIVA NUM PLANO AMENO E TEATRAL, EM QUE A FICÇÃO PARECE QUERER, A TODO O MOMENTO, ROUBAR A CENA DO TOM DOCUMENTAL

DE SÃO PAULO

A atriz transexual cubana Phedra de Córdoba retorna a Havana 53 anos depois de deixar a ilha para instalar-se no Brasil. Este é o fio condutor de "Cuba Libre", que entrou nesta semana em cartaz.

Se, por um lado, o cineasta Evaldo Mocarzel consegue extrair do personagem um sólido e sentimental depoimento, que não cai nunca no piegas, por outro falha no esforço de tentar entender o que acontece na ilha do ponto de vista político e social.

O filme acompanha o retorno da atriz da companhia teatral paulistana Os Satyros aos lugares onde começou sua vida artística, ainda envoltos numa aura de clandestinidade e transgressão, e encontrando conexões familiares.

Phedra, nascida Rodolpho, pinta um retrato tocante dos embates que travou com a família e com o ambiente moral em que vivia mergulhada.

Explica que seu exílio, ocorrido antes da Revolução Cubana (1959), foi provocado por uma desavença mais profunda, com a família, principalmente com a mãe, e com os valores instalados na sociedade do país então governado por Fulgencio Batista.

Durante a crise pessoal, numa visita à Argentina, conhece em Buenos Aires o dramaturgo brasileiro Walter Pinto e decide seu destino.

Ao longo de sua narrativa, surge um questionamento sobre o próprio teatro, uma vez que Phedra explica quem é, hoje, do ponto de vista de uma construção dramática/performática.

O documentário, porém, perde ao tentar retratar as transformações políticas em Cuba tomando por eixo apenas o enfoque da questão dos direitos dos LGBT.

De um modo geral, ameniza o fato de o regime ter perseguido homossexuais no passado ao dizer que hoje a questão é mais bem aceita.

Não é suficiente elogiar a filha de Raúl Castro por ser uma militante da causa. Ainda se trata da filha de um ditador e o fato de que ela possa baixar decretos, sejam eles bons ou maus, é no mínimo preocupante.

O carisma de Phedra e sua maneira envolvente de contar histórias, porém, mantêm a narrativa num plano ameno e teatral, em que a ficção parece querer, a todo o momento, roubar a cena do tom documental.


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