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Crítica - Drama

Tema sombrio é desperdiçado em produção de tom sentimental

ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O tema do duplo é clássico na literatura e no cinema.

Costuma render interessantes especulações metafísicas quando o desdobramento da identidade é tratado para solicitar do espectador um pouco de participação para completar sentidos que o mistério deixa em aberto.

Infelizmente isso não acontece em "Uma Nova Chance para Amar", segundo filme do pouco conhecido Arie Posin.

O ponto de partida deste drama é interessante: Nikki (Annette Bening), cinquentona bem-posta na vida, fica viúva subitamente e, apesar dos anos, não supera a perda. Até que conhece Tom (Ed Harris), sósia do marido, e se entrega com fervor a ele.

A narrativa começa a desandar já na longa sequência dentro do museu, na qual se introduz o tema do duplo, quando Nikki vê Tom pela primeira vez. As referências a "Um Corpo que Cai" (1958), thriller de Alfred Hitchcock, se multiplicam nesta cena (e em outros momentos do filme) e chegam até a música, que cita a trilha sonora de Bernard Herrmann.

O luto impossível dá espaço à "segunda chance", mas o que se vê é um romance doentio, e ao mesmo tempo xaroposo, em que Nikki reencena momentos da vida ao lado do primeiro marido. Tom, pacato professor de pintura, não tem ideia de que está embarcando em uma aventura ao lado de uma desvairada.

O fato de Tom não viver muito longe da casa de Nikki, e de nunca ter visto a foto do marido dela --um arquiteto famoso-- quando faz pesquisas sobre ela na internet dão um toque extra de inverossimilhança nessa história bem esquisita. O fim, eivado de sentimentalismo, nada tem da inquietante atmosfera que domina parte do filme.

O único ponto positivo é a atuação dos dois atores principais. Annette Bening consegue se sair bem na pele de uma sedutora neurótica, enquanto Ed Harris imprime uma ingenuidade convincente ao personagem. Robin Williams, no pequeno papel do vizinho de Nikki que é apaixonado por ela, tem presença meramente decorativa.


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