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Mostra do Hospital Matarazzo retira vídeo com brigas entre animais a pedido do público, enquanto religiosos vão às ruas contra obras 'sacrílegas' da 31ª Bienal de Arte de SP

GISLAINE GUTIERRE DE SÃO PAULO

Num quintal abandonado, uma cobra rasteja em meio a escorpiões, lagartos e um rato. De repente, saltam diante da câmera dois galos em uma luta feroz, enquanto um terceiro passa correndo por eles. Um cachorro se envolve na briga, ataca um dos galos mas logo é mordido no pescoço por outros dois cães. Em outro canto, um sapo tenta se defender de uma cobra.

São cenas de "Usine" (2008), do artista franco-argelino Adel Abdessemed. O vídeo de um minuto e meio podia ser visto pelo público até domingo (21), quando foi retirado da mostra "Made By...Feito por Brasileiros", no Hospital Matarazzo, após críticas dos visitantes.

O curador da exposição, o francês Marc Pottier, lamentou a exclusão do vídeo, mas acatou a decisão da organização "em nome da segurança e da tranquilidade do público da exposição".

Não se sabe como o vídeo foi produzido. A galeria David Zwirner, que representa o artista, disse que Abdessemed não dá mais entrevistas.

Outra obra dele, que exibia animais sendo mortos a marretadas, foi alvo de protestos na Itália em 2009.

ABAIXO-ASSINADO

A diretora do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal (FNPDA), Elizabeth McGregor, lançou no domingo um abaixo-assinado na internet pedindo a retirada da obra. Agora, vai além: irá cobrar uma postura do Ministério da Cultura e estuda medidas judiciais para o caso.

"Aquilo é crime. Imagine se aquilo fosse um vídeo com crianças sofrendo ou mulheres sendo estupradas?", disse Elizabeth. Na manhã de terça (23), a petição virtual contava com cerca de 2.000 assinaturas.

À Folha, a ministra Marta Suplicy (Cultura) disse que condena "maus-tratos de animais, e tal obra não me foi apresentada durante a visita que fiz à exposição".

Ela acrescentou que "a mostra é uma ocupação artística, de caráter privado, e tem uma curadoria responsável pela escolha das obras" e que "não cabe ao ministério fazer controle de conteúdo".

No entanto, Marta se disse aberta ao ouvir representantes da sociedade.


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