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Festival do Rio exibe filmes sobre violência

'À Queima Roupa' retoma chacina do Vigário Geral e 'Estopim' trata sobre caso Amarildo

GUILHERME GENESTRETI ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Enquanto uma mulher conta em detalhes como certa noite encontrou oito parentes assassinados, aparecem, intercaladas, fotos de cada um desses corpos, alvejados durante o que ficou conhecido como chacina de Vigário Geral, ocorrida em 1993 na favela da zona norte do Rio.

O documentário "À Queima Roupa", de Theresa Jessouroun, que tem exibição nesta sexta (26) no Festival do Rio, seguida de debate com a diretora, explora alguns dos episódios mais conhecidos de violência cometida pela polícia carioca nos últimos 20 anos.

"Aquela chacina foi um marco porque foi quando a corrupção da polícia foi deflagrada pela imprensa: como negociavam porcentagens com o tráfico e como disputavam poder. Aquele enfileirado de cadáveres chocou o mundo", diz a diretora à Folha. "Não adiantava ficar só no passado, fatos tão graves quanto continuam acontecendo até hoje."

A outra ponta desse histórico de violência é explorada em "O Estopim", de Rodrigo Mac Niven, a ser exibido na segunda (29), às 17h, no Cinépolis Lagoon (av. Borges de Medeiros, 1424; tel. 21- 2512-3002).

O filme se debruça sobre o caso Amarildo, pedreiro morto por policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha em 2013 e cujo corpo nunca foi achado. "O caso Amarildo foi singular: extrapolou as fronteiras da comunidade, levou as pessoas a descerem o morro e fecharem ruas na zona sul", diz o diretor.

Os dois filmes concorrem com outros oito na mostra competitiva de documentários do Festival do Rio.

Um dos grandes achados de "À Queima Roupa" é o informante Ivan, de sobrenome não divulgado, o "X9" que entregou policiais do grupo de extermínio. "Ele já tinha falado no tribunal, mas os detalhes não tinham sido divulgados ao público", diz Theresa.

Ivan detalha, por exemplo, como a polícia fazia para sumir com os corpos.

Segundo a diretora, o filme foi chamado de "o Tropa de Elite' dos documentários" por mostrar os bastidores da corporação. A produção reconstitui algumas chacinas no Complexo do Alemão (zona norte) e na Baixada Fluminense. "Alguns casos foram tão bárbaros que até parecem ficcionais", afirma Theresa.

"O Estopim" também recria algumas cenas: Brunno Rodrigues interpreta Amarildo na Rocinha e no que pode ter sido sua sessão de tortura. "A gente quis humanizar essa pessoa que a polícia tentou criminalizar", diz Mac Niven.

Quem conduz o filme é Duda, morador da Rocinha que conhecia Amarildo e que já fazia denúncias contra a polícia antes da morte do pedreiro. "A UPP tinha que ser uma unidade de política pública, e não de polícia pacificadora", diz no filme.


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