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'Miss Violence' estimula o inconformismo, diz diretor

Longa sobre família disfuncional ganhou Leão de Prata de Veneza em 2013

Grego diz que choca o espectador para que 'as pessoas façam algo' em relação a situações como a exibida no filme

PAULO GOMES DE SÃO PAULO

Vencedor do Leão de Prata do Festival de Veneza em 2013 --prêmio dedicado à melhor direção-- o grego "Miss Violence", de Alexandros Avranas, perturba o espectador do começo ao fim.

Seja pelo choque, pela claustrofobia das cenas fechadas ou pela opressão psicológica na família rígida retratada, o filme incomoda.

O título é um joguete: "É um desafio mental assistir ao filme com o pai como personagem principal, mas procurando pela mulher do título", diz Avranas. São quatro personagens femininas na família, mais a garota cujo suicídio dá origem ao enredo.

O cineasta afirma que "está na hora de nos tornarmos mais sensíveis para reconhecer famílias como esta e fazer algo a respeito". Segundo o diretor, a história da família disfuncional do filme é baseada em fatos ocorridos na Alemanha em 2010.

Ele diz que, durante as filmagens, se perguntava por que aquelas pessoas simplesmente não fugiram.

"É a questão que o público deve perguntar a si mesmo, e descobrir o que os fez ficar (na casa)."

A intenção, portanto, é a de estimular o inconformismo. "Enquanto as pessoas permitirem a opressão, outros utilizarão isso como vantagem", diz, para em sequência citar o também perturbador "Saló ou os 120 Dias de Sodoma", de Pier Paolo Pasolini, como exemplo. "É um excelente filme sobre vítimas e perpetradores, e como esses papéis podem mudar."

Avranas diz que o cinema tem o poder de estimular as pessoas e mostrar a elas outras formas de pensar. "Este é o significado da arte. Espero que funcione de alguma forma."

Relações familiares ou sociais problemáticas também são o tema de outras recentes produções gregas premiadas internacionalmente, "Attenberg", de Athina Rachel Tsangari, e "Dente Canino", de Yorgos Lanthimos.

Avranas rejeita, no entanto, que haja uma escola grega de cinema. A temática, afirma o diretor, é apenas uma coincidência.

"Não somos um movimento como a nouvelle vague. Não temos a mesma abordagem estética ou filosófica, nem mesmo nos conhecemos pessoalmente." O que os três têm em comum, declara o cineasta nascido em 1977, é serem "pessoas jovens que querem dizer algo ao público independente de quanto dinheiro têm para filmar".

A crise econômica que atinge a Grécia, aliás, foi obstáculo à realização de "Miss Violence". Avranas disse ter gasto muito tempo atrás de financiamento, sem sucesso. No fim, foi ajudado pelo produtor Christos V. Konstantakopoulos, conhecido pela realização de diversos filmes gregos.

Agora, não deve encontrar dificuldades para as próximas produções. Flerta até com o cinema comercial, que "também pode ter qualidade". "Sempre serei honesto com meus filmes. Quero fazer longas poderosos, com uma mensagem forte."


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