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Crítica - Drama

Com método narrativo perverso, cineasta grego ainda é talento a ser confirmado

PEDRO BUTCHER COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Recebido com euforia no Festival de Veneza do ano passado, onde foi apontado como um promissor exemplar do novo cinema grego, "Miss Violence" engrossa o robusto conjunto de filmes contemporâneos sobre famílias disfuncionais.

Revelar aqui o que exatamente há de disfuncional nessa família comprometeria parte da experiência (nada agradável) proposta pelo filme.

O diretor Alexandros Avranas tem o prazer sádico de manipular surpresas e revelar os mais perversos detalhes em pequenas doses.

A partir de uma atitude inesperada --o suicídio de uma criança aniversariante--, o filme desvenda, aos poucos, os motivos que levaram a tal ato.

Com atuações fortes e uma direção marcada por enquadramentos precisos e frios, "Miss Violence" toma um rumo cada vez mais desconcertante, em que as sutilezas e elipses são substituídas por uma exposição frontal de acontecimentos bastante violentos.

Em Veneza, o retrato corrosivo de uma família de classe média proposto por Avranas foi apontado como a poderosa metáfora de um país em que a falência econômica é apenas um aspecto de uma crise moral mais ampla.

Outro aspecto evidente é que, à medida em que a trama se desenrola, o diretor sugere que a absoluta passividade de quem aceita a violência ao seu redor é tão grave quanto a violência em si.

O título ("Senhorita Violência", em tradução literal) seria uma pista nesse sentido.

A questão é que, fora de um contexto mais amplo e metafórico, o filme se embrenha no perigoso terreno entre a perversidade que pretende denunciar e a perversidade de seus próprios métodos narrativos, marcados por uma exposição chocante, quase espetacular, de determinado tipo de violência.

O domínio narrativo de Avranas é evidente, mas seus métodos são um tanto duvidosos.

Um talento, enfim, ainda à espera de confirmação.


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