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Crítica - Suspense

'Garota Exemplar' mantém plateia nas rédeas

Novo filme de David Fincher critica sociedade da informação, como em uma continuação do seu 'A Rede Social'

PEDRO BUTCHER COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Garota Exemplar" se estrutura em três camadas muito evidentes, cada uma delas responsável pelas forças e fraquezas do novo filme de David Fincher.

A primeira é a da trama em si, um thriller eficaz, com pelo menos um grande "ponto de virada". O roteiro, uma adaptação do livro homônimo da americana Gillian Flynn (assinado pela própria autora), alterna as vozes narrativas entre Nick e Amy Dunne, o casal de protagonistas, interpretado por Ben Affleck e Rosamund Pike.

Fincher mantém a plateia nas suas rédeas com um controle quase absoluto dos momentos de tensão e distensão e com um uso preciso da montagem para criar suspense e esconder as limitações da história.

A segunda camada entra como o pano de fundo em que se desenrola o mistério, transformando o filme em uma espécie de prolongamento de "A Rede Social" (2010).

Quando criança, Amy Dunne inspirou uma série de livros infantis muito popular, chamada "Amazing Amy". Por conta disso, seu desaparecimento, no dia das comemorações de seu quinto aniversário de casamento, transforma-se em um grande circo midiático e põe Nick sob os holofotes da mídia.

Fincher destila aqui suas críticas à sociedade da informação. Na ferocidade instantânea da era das redes sociais, as pessoas tornam-se peças publicitárias de si mesmas. O importante é o que se encena diante das câmeras --sejam elas de uma grande rede de televisão ou de um celular de uma "selfie maniac".

O melhor personagem, aqui, é o advogado Tanner Bolt, não por acaso vivido pelo comediante Tyler Perry.

A terceira camada é a mais problemática, o ponto em que o filme patina. Pela forma como se desenrola, "Garota Exemplar" é a materialização de todos os pesadelos (mais conservadores) de um homem em relação ao casamento, uma espécie de "Atração Fatal" (1987) em que o papel da mulher se inverte, de amante a esposa.

Esse aspecto chama atenção especial se compararmos "Garota Exemplar" ao filme anterior de Fincher, "Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres" (2011), também um suspense adaptado de um best-seller (o primeiro livro da trilogia "Millenium", de Stieg Larsson).

Nele, a questão do machismo era central. O protagonista Mikael Blomkvist (Daniel Craig) mantinha uma relação aberta com a mulher, e havia uma personagem feminina libertária, Lisbeth Salander (Rooney Mara). O filme foi considerado uma decepção pelos produtores, que não deram continuidade à trilogia no cinema.


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