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Música

Dupla mistura Talking Heads com sertanejo universitário

Léo Verão e Daniel Freitas se dizem discriminados por roqueiros por causa de novo trabalho

"Enquanto os indies chiam, os sertanejos adoram", diz Freitas, que já produziu outras fusões inusitadas

MILLOS KAISER COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Psycho Killer, qu'est-ce que c'est? Arrocha!" diz a letra do último sucesso de Léo Verão e Daniel Freitas.

"Psycho Killer/ Gatinha Assanhada", lançada em setembro, é exatamente o que o título sugere: um improvável casamento do clássico da banda Talking Heads, de rock alternativo, com um dos muitos hits de Gusttavo Lima, ídolo do sertanejo universitário.

A lógica da composição é a dos "mashups" (técnica tradicionalmente usada por DJs, que mistura elementos de uma ou mais músicas já existentes para criar uma nova).

Mas, no lugar do computador, a dupla de Dourados (MS) toca com uma banda de verdade, em formato acústico.

Essa é a terceira vez que eles jogam sertanejo universitário e rock alternativo no mesmo balaio.

Antes, já haviam colocado a sensação indie Foster The People para dançar com Jorge e Mateus, em "A Hora é Agora/ Pumped Up Kicks", e o belgo-australiano Gotye para conversar com Luan Santana, em "Te Vivo/ Somebody That I Used to Know".

Todas as versões estão no canal da dupla no YouTube. Nos comentários dos vídeos, alguns usuários classificaram a novidade como "indienejo" ou "indie universitário". Outros xingaram de blasfêmia para baixo o que ouviram.

Os indies não viram a menor graça na junção.

"O pessoal do underground é muito bitolado. Não gostam que o grande público escute o mesmo que eles", diz Verão, 25, à Folha.

Vestindo uma camiseta de uma banda de hardcore e com um dos braços todo tatuado, o visual do rapaz passa longe do estereótipo country. Seu gosto musical idem: "Amo New Order, Joy Division e John Mayer".

"Enquanto os indies chiam, os sertanejos adoram. Com o tempo, espero que eles entendam que música é música e só isso", acrescenta seu parceiro Freitas, 37, que nas fotos de divulgação da dupla aparece vestindo gravata fina e calça skinny.

"Essa coisa de chapéu e bota datou. O público universitário é descolado, não quer ir na balada vestido de caipira. O artista tem que acompanhar", explica.

VEM Aí O "ELETRONEJO"

Para o gaúcho Wander Wildner, que já foi punk e depois abraçou o brega, "essa reação de ódio é coisa de adolescente".

"Essas misturas são o que sobrou para ser feito nesse século. Não há mais o que inventar. A última novidade foi a música eletrônica", diz.

"Pessoalmente, adoro sertanejo. Fazia até cover de Leandro e Leonardo no começo da carreira."

Pioneiro dos mashups no país, o DJ e produtor João Brasil acha que a cabeça dos indies hoje está um pouco mais aberta.

"Temos a Banda Uó, por exemplo, que é influenciada pelo tecnobrega. Mas, é claro, você ainda encontra aqueles que acham que o legal é gostar do que ninguém mais gosta", lamenta.

PRIMÓRDIOS

A primeira versão da dupla Léo Verão e Daniel Freitas, vinda ao mundo em 2008, costurou "I'm Yours", de Jason Mraz, com "Chora Me Liga", de João Bosco e Vinícius.

Michel Teló, transmissor da febre do "Ai Se Eu Te Pego", gostou tanto que incluiu a música em seus shows.

Depois vieram outras, juntando, por exemplo, Led Zeppelin ("D'yer Maker") com João Neto e Frederico ("Lê Lê Lê") e Bob Marley ("Stir it Up") com Jorge e Mateus ("Flor").

Desde o começo de 2012, o indie virou o ingrediente mais frequente nas misturas. "Agora vamos colocar algumas bases eletrônicas, para tentar agradar os clubbers também", adianta Freitas.


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