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Dois em um

Bob Wilson volta a São Paulo à frente de dois espetáculos da companhia Berliner Ensemble, fundada por Bertolt Brecht

Lesley Leslie-Spinks/Divulgação
Cena de "Lulu", que fica em cartaz entre os dias 14 e 18
Cena de "Lulu", que fica em cartaz entre os dias 14 e 18
GUSTAVO FIORATTI DE SÃO PAULO

A boa safra de espetáculos internacionais que tem aportado em São Paulo chega, na semana que vem, a um ponto culminante.

O diretor americano Bob Wilson, que já trouxe em abril sua montagem para "A Última Gravação de Krapp", de Beckett, retorna à cena. Só que agora na direção de uma companhia alemã tão fundamental para a história do teatro quanto ele próprio: a Berliner Ensemble.

O grupo foi fundado na parte oriental de Berlim em 1949 pelo diretor, dramaturgo e teórico alemão Bertolt Brecht (1898-1956) e por sua mulher, Helene Weigel. Só esteve no Brasil uma vez, em 1997, com "A Resistível Ascensão de Arturo Ui".

A parceria entre Wilson e o Berliner dura dez anos e já resultou em quatro montagens, das quais o Sesc Pinheiros apresenta "A Ópera dos Três Vinténs", de Brecht, e "Lulu", de Frank Wedekind.

Mais do que uma parceria, a combinação resultou em uma espécie de casamento: "Eu conheço os atores, e eles me conhecem, e quando isso é verdadeiro, você pode notar o resultado no palco", diz.

Bob Wilson refere não somente à combinação entre seu formalismo cênico e o domínio técnico de um elenco com preparo vocal de cantores líricos e a disposição física de dançarinos.

A obsessão pela precisão é levada a um ponto extremo, resultando em espetáculos marcados do início ao fim. "Não sou um homem muito técnico, mas meu trabalho é", explica Wilson. "Sou dependente do departamento técnico. Para mim, eles são tão importantes quanto atores."

Para dirigir seus espetáculos, durante ensaios, Wilson costuma sentar-se bem no centro da plateia e comanda tudo com um microfone. Esse olhar resulta em cenas simétricas ou geométricas, muitas vezes com aparência chapada, bidimensional.

TEATRO POLÍTICO

Com música de Kurt Weill, "A Ópera dos Três Vinténs" foi escrita por Bertolt Brecht, e neste ponto há uma terceira combinação. Wilson acredita que haja uma intersecção entre seu teatro e o do dramaturgo alemão.

"Brecht falava de um teatro épico, no qual todos os elementos são igualmente importantes. Eu acredito no mesmo tipo de trabalho", diz Wilson. "Meu teatro é formal, e sempre há uma distância entre o ator e aquilo que ele está dizendo ou fazendo."

As ressalvas de Wilson às análises sobre o legado de Brecht se resumem a um só tópico: "Embora o trabalho de Brecht seja frequentemente analisado como sendo político, eu nunca pensei dessa forma. Eu o vejo mais como algo filosófico", conclui.

Brecht, de qualquer forma, ficou conhecido como um marxista não ortodoxo, o que se reflete em sua obra. Escrita em 1928, "A Ópera dos Três Vinténs" articula relações entre violência e dominação de classes, só que por meio de um romance policialesco.

Na peça, a filha de um homem que explora mendigos se casa com o chefe de uma quadrilha em Londres. Inconformado, o pai usa sua influência política para compelir a polícia a caçar o bandido.

"Lulu", por sua vez, tem texto do alemão Frank Wedekind (1864-1918). A montagem de Wilson traz um tempero extra: o espetáculo tem trilha composta por Lou Reed para contar a história de uma prostituta que enlouquece os homens.

No dia 23, Wilson faz no Municipal de São Paulo a estreia mundial de sua versão para a ópera "Macbeth", de Giuseppe Verdi.

A ÓPERA DOS TRÊS VINTÉNS
QUANDO do dia 6 ao 10 (ter. a sex., às 21h; sáb., às 17h)
ONDE Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195; tel. 0/xx/11/3095-9400)
QUANTO R$ 40
CLASSIFICAÇÃO 14 anos

LULU
QUANDO do dia 14 ao 18 (qua. a sáb., às 21h; dom. às 17h)
ONDE Sesc Pinheiros
QUANTO R$ 40
CLASSIFICAÇÃO 14 anos


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