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Teatro

'Credores' é indagação sobre o amor e a solidão

Nelson Baskerville celebra com a peça centenário do sueco Strindberg

Estética de aspecto sujo e precário são marca do diretor, que teve, só neste ano, sete espetáculos encenados

GABRIELA MELLÃO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Uma pipa e um sapato presos num emaranhado de fios elétricos no topo de um poste. Eis a vista preferida da janela de Nelson Baskerville, um dos mais profícuos diretores de teatro da atualidade.

Como se vê em "Credores", que estreou ontem, é na beleza da realidade desordenada que o artista se reconhece.

Uma estética de aspecto sujo e precário, sem medo exagero, surge como moldura perfeita para os seus espetáculos.

Só neste ano foram sete. Entre eles, "Córtex", solo com Otávio Martins em cartaz no Eva Herz (av. Paulista, 2.073, tel. 0/xx/11/3170-4059), que discute as diferentes e possíveis percepções da realidade.

No final do mês, estreia no Sesc Campinas "As Estrelas Cadentes do Meu Céu São as Bombas do Inimigo", peça baseada em diários de jovens que sobreviveram à guerra, criada com a Companhia Provisório Definitivo.

Segundo o diretor, que é também ator e pintor, é a realidade que o inspira.

Ele chama atenção para o acúmulo de informações da vida. "Não existe mais imagem limpa no mundo, assim como não existe o silêncio", diz Baskerville à Folha.

Em "Credores", segunda adaptação da obra de August Strindberg (1849-1912) realizada pelo encenador com os atores da companhia Mamba das Artes, o palco se torna de fato um espaço de criação.

Vira o ateliê de escultura de um dos personagens que protagonizam o triângulo amoroso na trama. Ali, os atores se sujam uns aos outros ao manipularem argila.

Baskerville evidencia o desejo de se comunicar com a realidade de seu tempo desde os primeiros trabalhos profissionais; "Por Que a Criança Cozinha na Polenta", texto autobiográfico da romena Aglaja Veteranyi, e "Luis Antonio - Gabriela", documentário cênico sobre o seu irmão mais velho que foi um dos destaques teatrais de 2011.

O diretor se debruçou sobre "Credores" para homenagear o centenário de Strindberg, e também na busca por entender o amor e a solidão do homem contemporâneo.

A encenação foi criada a partir de exercícios de exposição, em que os intérpretes relataram cicatrizes frutos de relacionamentos amorosos.

Os personagens compartilham os nomes dos atores que os interpretam e altera o final da peça. Na montagem, eles enfrentam solitariamente as agruras do amor.

"Queremos mostrar que não há saída possível para a questão dos relacionamentos amorosos", explica o ator Flávio Barollo.


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