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Análise

Ilustrações do próprio autor são trunfo de obras infantis

REINALDO JOSÉ LOPES EDITOR DE “CIÊNCIA+SAÚDE”

Apesar do (justificado) hype em torno dos filmes de "O Hobbit", o melhor investimento tolkieniano para o suado dinheiro do leitor provavelmente não serão as novas edições do livro.

É que as versões com capa dura e com a capa que reproduz o pôster do primeiro filme são mais do mesmo -um pouco piorado, aliás, porque caiu consideravelmente a qualidade de impressão das belas ilustrações que o próprio J.R.R. Tolkien produziu.

A editora WMF Martins Fontes, no entanto, redime-se com o lançamento de duas pequenas pérolas póstumas do autor, "Cartas do Papai Noel" e "Sr. Bliss". Nos dois casos, os desenhos do autor são os astros do show.

As obras apresentam um Tolkien bastante diferente do escriba dos épicos da Terra-Média. São intimistas: embora o autor tenha até tentado emplacar "Sr. Bliss" com seus editores em vida, o livro ilustrado, quase uma "graphic novel" sem balões, foi feito para divertir os filhos dele.

E "Cartas do Papai Noel" é exatamente o que o nome diz: as missivas que o bom velhinho teria enviado aos pequenos John, Michael, Christopher e Priscilla todo santo Natal entre os anos 1920 e 1940. O autor nunca pensou em publicá-las -a organização da coletânea ficou a cargo de sua nora, Baillie Tolkien.

O sr. Bliss do título é um sujeito atrapalhado, conhecido por sua predileção por chapelões e pelo seu exótico bicho de estimação, o Giracoelho (sim, "girafa+coelho").

Já o Papai Noel tolkieniano, enquanto prepara os presentes, vê-se às voltas com as trapalhadas de seu assistente, o Urso Polar, e enfrenta invasões dos trasgos (versões mais cômicas dos orcs de "O Senhor dos Anéis").

A arte que ilustra essas aventuras infantis é surpreendentemente sofisticada, mostrando que, apesar da famosa implicância de Tolkien com o modernismo, ele seguia ao menos superficialmente as vanguardas.

E, como em toda a sua obra, coisas sérias e sombrias de vez em quando estão à espreita. O Papai Noel não deixa de mencionar os rigores da Segunda Guerra Mundial, e o Sr. Bliss abandona o automóvel ao perceber o estrago do tráfego motorizado na zona rural inglesa que amava.


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