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Escritor satiriza sociedade inglesa em epopeia de homem fracassado

Romance de Jonathan Coe traz protagonista solitário, melancólico e que não gosta de ler

Personagem-título de 'A Terrível Intimidade de Maxwell Sim' foi largado pela esposa e é ignorado pela filha

MARCIO AQUILES DE SÃO PAULO

Um romance de 400 páginas sobre um homem sozinho, melancólico e que não gosta de ler.

A sinopse de "A Terrível Intimidade de Maxwell Sim" sinaliza o veio anticomercial de Jonathan Coe, cuja escrita não dispensa uma sofisticação pouco vista no cenário literário atual.

O autor britânico constrói em seu novo livro a epopeia de um homem comum, oprimido pelo fracasso social e afetivo. O personagem que dá título à obra foi abandonado pela esposa, é ignorado pela filha, deprime-se com a ausência de mensagens no e-mail e conversa com o GPS.

A estratégia narrativa de Coe consiste em colocar o protagonista em constante movimento por meio de viagens, de modo a não permitir que o marasmo existencial de Maxwell torne a leitura monótona, enfadonha.

"Pensei nesses dois aspectos complementares. O homem ordinário atravessando grandes mudanças pessoais, e a ilha [Reino Unido] previsível, mas que esconde momentos de drama e surpresa", afirma Coe.

O método de composição de sua prosa consiste em direcionar a perspectiva do olhar do leitor.

"Seria como colocar uma lupa em cada pequeno detalhe, para que cada evento mínimo seja visto como grande e importante."

Críticas à sociedade inglesa aparecem sem alvoroço, discretas como o narrador protagonista.

"Queria escrever um livro que mostrasse o Reino Unido como um todo e que focasse neste vulgar protagonista de classe média", resume. "Maxwell Sim tem medo do caos, da diversidade e do imprevisível. Ele se sente confortável na banalidade, na homogeneização do mundo que o capitalismo nos legou."

ESCRITA PLANEJADA

Autor de obras elogiadas pela crítica, como "A Chuva antes de Cair", "A Casa do Sono" e "Bem-vindo ao Clube", Coe mostra habilidade para tecer enredos coesos.

Cada elemento disposto ao longo da história tem relação com alguma revelação futura ou funciona como explicação para eventos passados.

A ausência do hábito da leitura por parte de Sim, por exemplo, irritava profundamente sua mulher, uma aspirante a escritora. Então Coe introduz na obra quatro subcapítulos, narrativas independentes compostas por relatos com os quais o personagem se depara.
"Eu sabia que Maxwell por si só seria um narrador simplório, não acostumado a descrever coisas ou histórias interessantes. Os subcapítulos acrescentam variabilidade narrativa ao enredo", explica o autor.

"A leitura é um dos modos mais importantes para exercitar a imaginação. Forcei Maxwell a adentrar esse universo para se deparar com a mente de outras pessoas."

Assim como seu protagonista ao longo do livro, Coe passou meio despercebido pela Flip em 2004, sem chamar grande atenção.

O último capítulo guarda como surpresa uma reviravolta radical na história. Após lê-lo, notam-se várias passagens anteriores que serviriam como alusões sugestivas a esse "grand finale".

Segundo Coe, o desfecho é mais uma metáfora que compõe a ficcionalidade da vida moderna.

A TERRÍVEL INTIMIDADE DE MAXWELL SIM
AUTOR Jonathan Coe
EDITORA Record
TRADUÇÃO Christian Schwartz
QUANTO R$ 49,90 (416 págs.)


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