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Crítica Policial

Roteiro ágil e atores sustentam thriller nacional sobre violência

"Disparos", estreia de Juliana Reis, traz Caco Ciocler e Gustavo Machado

ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

CRIA EMARANHADO DE SITUAÇÕES QUE MOSTRA COMO A VIOLÊNCIA URBANA AFETA TODOS OS ATORES SOCIAIS

Baseado em histórias reais, "Disparos" é um thriller pouco convencional sobre a barbárie urbana. Primeiro longa metragem da diretora e roteirista carioca Juliana Reis, o filme tem a originalidade de ultrapassar a mera exposição da violência e lançar questionamentos que incomodam o espectador e provocam reflexão.

A trama principal apresenta o fotógrafo Henrique (Gustavo Machado), que é assaltado ao sair de uma sessão de fotos por dois jovens que chegam em uma moto. Durante o assalto, os ladrões são atropelados por um carro, que desaparece imediatamente. Um dos assaltantes morre, o outro consegue fugir.

Henrique recupera sua câmera e vai embora, mas logo retorna à cena do crime para pegar o cartão de memória perdido. Nessa volta, ele se vê numa situação estranha: vítima, passa a ser acusado de omissão de socorro.

O fotógrafo acaba sendo levado à delegacia, onde tenta provar sua inocência ao ardiloso inspetor Freire (Caco Ciocler). Mas ele vai percebendo que não é lá tão inocente.

Ao mesmo tempo, surgem tramas paralelas com diferentes graus de relação com o episódio principal, criando um emaranhado de personagens e situações que mostra como a violência urbana afeta todos os atores sociais.

Nessa vertigem, o filme enuncia seu principal questionamento: os tradicionais papeis de vítima e vilão não são claros, eles inexoravelmente se confundem.

O roteiro é ágil e eficaz para instalar a perplexidade no espectador, com diálogos sarcásticos que sustentam muito bem o embate entre Henrique e o inspetor -o ponto alto do filme no que se refere ao trabalho dos atores.

O fotógrafo não é descrito com contornos simpáticos, ao contrário: é pretensioso e arrogante, dificultando a adesão irrestrita do espectador ao drama que vive.

Juliana Reis insiste muito na relação entre Freire e o fotógrafo. Sobra pouco espaço para personagens secundários, que poderiam ter mais densidade e enriquecer o resultado. Mesmo assim, "Disparos" acerta o alvo.


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