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Crítica / Show

Clássicos e pulsão sexual sustentam Madonna

Show da cantora em São Paulo reafirmou a sua relevância musical e o impacto de sua postura agressiva no palco

Adriano Vizoni/Folhapress
Madonna abrindo a turnê "MDNA" em São Paulo, onde faria novo show, além de Porto Alegre-RS, no sábado, dia 9
Madonna abrindo a turnê "MDNA" em São Paulo, onde faria novo show, além de Porto Alegre-RS, no sábado, dia 9
RODRIGO LEVINO EDITOR-ASSISTENTE DA “ILUSTRADA”

Em condições normais de temperatura e pressão -e essa é uma observação estética, não moral-, uma senhora de 54 anos vestida de colegial e cercada por dançarinas à la paquitas pode ser algo bastante embaraçoso.

Em Madonna, isso parece ser sublimado.

O show da cantora anteontem, em São Paulo (a turnê incluía mais um na capital e outro em Porto Alegre, no dia 9), só martelou o óbvio: o quanto ela ainda pode. E pode muito. Física e musicalmente.

Muito disso por conservar bem demais, e a despeito de as composições recentes serem ilhas distantes frente ao poder de fogo dos antigos hits, a postura que a consagrou como rainha do pop.

Não tem quem seja capaz de cantar de galo no terreiro dela. Madonna mostra que manda sendo agressiva, provocadora e sexy até dizer basta. É macaca velha de show bizz, que faz do público o que bem entender.

Suas armas são o carisma, a pulsão sexual e a coleção poderosa de grandes canções e referências distorcidas, da religiosidade ao militarismo, tudo cooperando para que nada mais no palco importe além da cantora.

REPERTÓRIO IRREGULAR

O show, de quase duas horas, tem lá suas falhas. Cenograficamente -reproduz de igrejas a cenários high-tech- caminha, muitas vezes, na fronteira entre o cafona e o maravilhoso (às vezes, é as duas coisas juntas).

Ultracoreografado, o espetáculo com cerca de 20 dançarinos, telões de altíssima definição e cenografia caprichada e dada a excessos, também tem repertório falho.

De "MDNA", disco mais recente, salvam-se "Girl Gone Wild", que abre o show, e "Give Me All your Luvin'". É quase um crime ladear gemas como "Like a Prayer" com músicas banais como "I'm a Sinner" ou "I'm Addicted".

É nesses pontos que estão as quebras do concerto.

Mas, como dito antes, mesmo as falhas vão sendo engolidas pela entidade que é a cantora no palco e a relevância de clássicos como "Vogue", "Papa Don't Preach", "Human Nature" e "Express Yourself" -em que "mixa" ao vivo com "Born This Way", de Lady Gaga.

SEXO E POLÍTICA

É de admirar o fôlego da cantora, que até canta (algumas vezes com suporte de playback e backing vocals -quem nunca?), enquanto dança, corre e se movimenta com roupas curtas ou coladíssimas ao corpo malhado.

Para cumprir tabela -afinal de contas, não é razoável imaginar que alguém sairá do show refletindo sobre a condição do povo basco- ainda há espaço para pregação política e discurso de afirmação de identidade.

Em seguida, ela volta à Madonna de sempre. "Estou gostosa?", pergunta a mãe de Rocco Ritchie, 12 (que também participa do show em número de "break dance"), exibindo a bunda empinada com ajuda da meia arrastão que segura as nádegas.

A resposta é óbvia. Ainda e muito.

Quem tiver acompanhado a vinda recente de toda a nova geração de cantoras pop ao Brasil (Britney Spears, Christina Aguilera, Rihanna, Lady Gaga, Katy Perry), não deixará de constatar o óbvio: no dia em que o trono de Madonna vagar, vago continuará.


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