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Publicação seminal de Eugenio Barba é relançada no Brasil

Diretor teatral italiano publica nova edição de "A Arte Secreta do Ator" com capítulos extras e fotos inéditas

Organizada em parceria com Nicola Savarese, obra teve influência decisiva nos estudos de atuação teatral no país

MARCIO AQUILES DE SÃO PAULO

O diretor e pesquisador italiano Eugenio Barba está lançando uma nova edição de "A Arte Secreta do Ator - Um Dicionário de Antropologia Teatral", organizada em parceria com Nicola Savarese.

Fundador de uma das mais prestigiosas companhias do mundo, o Odin Teatret, há 48 anos, Barba criou, em 1979, a International School of Theatre Anthropology (ISTA), cujos programas e sessões deram origem ao livro.

Desde a primeira edição italiana, de 1983, a obra vem sendo revista e ampliada pelos autores. O calhamaço publicado pela É Realizações traz novos textos e imagens.

"O número e a variedade de artigos e fotos era a metade do que está nesta edição, que aumentou em três grandes novas seções. Temos mais de cem fotos inéditas, entre históricas e aquelas provenientes das últimas sessões da ISTA", afirma Barba.

O material iconográfico é crucial na explanação das técnicas de atuação e da historiografia teatral do Ocidente e Oriente presente na obra. Colocadas lado a lado, as posturas de dançarinos astecas, atores japoneses de Kabuki e bailarinas clássicas revelam princípios semelhantes que norteiam práticas teatrais de civilizações distintas.

A antropologia teatral, conceito-chave do livro, investiga níveis básicos de organização que seriam comuns a todos atores, independentemente de sua tradição -uma "fisiologia transcultural", segundo Barba.

CENA CONTEMPORÂNEA

Depois que a performance, o "happening" e o fenômeno pós-dramático se converteram de vanguarda a convenção, Barba considera que a essência da representação permaneceu a mesma.

"A visão teatral das últimas décadas sofreu uma reviravolta devido a inúmeras mudanças estéticas e abordagens dramatúrgicas. Mas, no nível da técnica do ator, não ocorreram transformações profundas depois daquelas de 1960 e de 1970."

Os escritos e as constantes visitas de Barba influenciaram tanto as companhias quanto os estudos acadêmicos relacionados ao teatro e à dramaturgia no Brasil.

Uma das instituições que mais acolheram suas propostas foi o Lume (Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais da Unicamp). A professora de teoria literária Suzi Sperber aponta algumas investigações caras ao grupo.

"Suas pesquisas cênicas sugerem que por meio de resistências musculares, oposições corpóreas e exaustão física, os atores conseguem, depois de anos de trabalho, uma dilatação, uma certa manipulação consciente da energia e suas variações."

Questionado sobre a tamanha difusão de sua produção no país, Barba destaca a via de mão dupla na transmissão do conhecimento artístico.

"Todos nós somos filhos do trabalho e do pensamento de alguém que nos antecedeu. Na arte, reconhecer essa filiação não é sinônimo de 'clone' ou 'dependência'. Não era esse, no fundo, o sábio pensamento do antropófago Oswald?", indaga o diretor.


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