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Livro reúne casas criadas por Niemeyer

Volume revê projetos desde a primeira residência, no Rio, até obras nos EUA e na França; arquiteto faria 105 anos hoje

Brasileiro ensaiou ideias de construções monumentais, como Brasília, na escala menor de suas casas

SILAS MARTÍ DE SÃO PAULO

Oscar Niemeyer, que projetou Brasília e enormes conjuntos arquitetônicos, como o Ibirapuera, em São Paulo, e a Pampulha, em Belo Horizonte, também criou em escala doméstica.

Nas casas que esboçou, o arquiteto -morto há dez dias e que faria 105 anos hoje- muitas vezes ensaiou soluções plásticas que aparecem em seus projetos monumentais. Foi também nas obras residenciais que se distanciou da rigidez dos ângulos retos, criando formas mais livres.

Da primeira casa que projetou para ser sua residência, na Lagoa, no Rio, a casas menos conhecidas espalhadas pelo interior do país e no exterior, em cidades como Los Angeles, nos EUA, e Cap Ferrat, na França, toda a obra residencial de Niemeyer está reunida no volume "Oscar Niemeyer Casas", que sai agora pela editora Gustavo Gili.

"Quis enxergar a relação entre suas casas e os prédios maiores", diz o autor do livro, Alan Hess. "Ele testou suas ideias nessa escala menor. As casas ajudam a entender a evolução do seu traço."

Niemeyer usou, por exemplo, a mesma estratégia de intercalar os pavimentos em sucessão fluida na casa que construiu para Juscelino Kubitschek em Belo Horizonte e, mais tarde, no saguão de seu Teatro Nacional em Brasília.

Também há semelhanças entre o Palácio do Itamaraty e a casa projetada para sua cunhada, Carmen Baldo, no Rio. Nos dois desenhos, a paisagem ao redor parece abraçar as construções.

Mesmo sem estabelecer comparações com as obras maiores, as casas de Niemeyer atestam como o arquiteto dissolveu a influência racional de Le Corbusier e começou a criar suas curvas.

Enquanto sua casa na Lagoa, de 1942, segue a geometria clássica do modernismo europeu, pouco mais de uma década depois a Casa das Canoas, também no Rio, foi uma revolução formal, com suas curvas, traço fluido e uma fusão com a paisagem.

"Isso colocou Niemeyer no mapa como modernista", afirma Hess. "E, ao mesmo tempo, serviu como manifesto de que a modernidade na arquitetura não se resume a caixotes quadrados."

A maior síntese desse pensamento plástico, no entanto, nunca saiu do papel por desistência dos donos. A casa Burton Tremaine, em Los Angeles, era um volume ortogonal suspenso sobre um desenho orgânico e o paisagismo em curvas de Roberto Burle Marx.

Sobrou só o desenho, hoje no MoMA, em Nova York.


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