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Guerra ao terrorista

Acusado de apoiar a tortura, filme sobre caçada a Bin Laden estreia nos EUA sob investigação militar

Jonathanolley.co.uk/Divulgação
Cena de "Hora Mais Escura" reproduz operação que culminou com a morte de Osama Bin Laden
Cena de "Hora Mais Escura" reproduz operação que culminou com a morte de Osama Bin Laden
RODRIGO SALEM ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

Os Estados Unidos passaram dez anos assombrados por um fantasma.

Um fantasma descrito no livro "Não Há Dia Fácil", de Mark Owen, ex-membro das Forças Especiais da marinha americana, como "um homem alto com mantos brancos esvoaçantes."

Essa visão etérea e vaga de Osama Bin Laden foi reforçada quando o exército americano invadiu e bombardeou a região de Tora Bora, na fronteira do Paquistão com o Afeganistão, em 2001.

Segundo relatos posteriores à ação, o terrorista responsável pelo ataque ao World Trade Center, meses antes, estava no local, mas escapou.

A missão foi considerada um fracasso, mas não para o jornalista e roteirista Mark Boal, vencedor do Oscar por "Guerra ao Terror", em 2010.

Ele estava trabalhando em um filme sobre a operação quando, em maio de 2011, recebeu a notícia que os EUA esperavam por uma década: Bin Laden tinha sido morto pelas forças de elite americanas.

Boal jogou quase tudo que havia apurado no lixo ("Só sobraram 2% do projeto", conta), mas o tema ficou.

Decidiu com a diretora Kathryn Bigelow -sua namorada- detalhar os pormenores da operação que encontrou o terrorista mais procurado do mundo no polêmico "A Hora Mais Escura", que estreia nos EUA na sexta-feira -no Brasil, chega em 18 de janeiro.

ACUSAÇÕES

O longa nasceu em uma nuvem de segredos e mistérios. O roteirista mudou-se para Washington para investigar os relatórios de inteligência e entrevistar pessoas envolvidas com a operação.

Depois viajou para o Paquistão e conversou com militares locais.

Sua apuração foi tão profunda que o Pentágono investigou o acesso de Boal a documentos confidenciais. "Há um exagero sobre isso. Tudo sai de controle em anos eleitorais", disse o escritor à Folha.

O longa, vendido como "filme-reportagem no estilo do novo jornalismo americano", afirma que a CIA arrancou essa informação (o nome do mensageiro de Bin Laden: Abu Ahmed al-Kuwaiti) em sessões de tortura violentas.

"Essas coisas acontecem. Fiquei feliz por terem deixado no filme os interrogatórios, pois tudo começou ali", polemiza Jason Clarke, que interpreta o agente que lidera a primeira sessão de tortura da produção.

Jameel Jaffer, diretor jurídico da União dos Direitos Civis Americanos, não ficou tão contente, porque a sequência abre o filme (após a tela escura com gritos de vítimas do 11 de Setembro), que termina com a morte de Bin Laden.

"Pode dar a impressão de causa e efeito", diz ele ao "The New York Times", cujo colunista Frank Bruni escreveu: "Aposto que Dick Cheney [vice do presidente Bush] vai amar esse filme".

Em outro momento, a agente Maya (Jessica Chastain), que, de acordo com o filme, foi a maior responsável pela descoberta do paradeiro de Bin Laden, reclama com seu diretor porque "Guantánamo está povoada por advogados."

"Não é o melhor momento dos Estados Unidos e o filme tem coragem de mostrar isso", diz Jessica, que está indicada para o Globo de Ouro.

"Passei quatro meses com as fotos dos terroristas no hotel, enquanto filmávamos as cenas de interrogatório em uma prisão de verdade na Jordânia. Foi muito sombrio".

O estilo cinematográfico, pelo menos, não rende polêmica. "A Hora Mais Escura" é um thriller investigativo intenso e realista, apesar de Boal ressaltar "que é um filme, não um documentário". Faturou vários prêmios da crítica e chega ao Oscar como favorito, ao lado de "Lincoln".


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