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Livro conta infância miserável de Hendrix

Irmão do astro do rock lembra que viviam no "gueto dos guetos" e debate mistério em torno da morte do artista

Segundo Leon Hendrix, que foi deserdado pelo pai, seu irmão teve parte da fortuna roubada por executivos

SILAS MARTÍ DE SÃO PAULO

Quando soube da morte do irmão mais velho, em 1970, Leon Hendrix estava na cela de uma prisão em Seattle.

Naquela hora, tocava no rádio "If 6 Was 9", música em que o maior guitarrista do rock, Jimi Hendrix, dizia não se importar se o sol não voltasse a brilhar, porque vivia num mundo que era só dele.

Mas Leon Hendrix, que então cumpria pena por roubar uma fábrica de anfetaminas, viveu um pouco desse mundo e descreve a infância ao lado do irmão, sua "energia crua" e os reveses que ele sofreu nas mãos de empresários em "Meu Irmão Jimi Hendrix", livro que sai agora.

Não tivesse morrido em Londres, aos 27, de uma overdose de calmantes em circunstâncias nunca esclarecidas, Hendrix teria feito 70 anos em novembro deste ano.

"Não penso muito na morte dele, para mim ele é imortal", diz Leon Hendrix à Folha. "Gente como ele não é desse mundo. Jimi sabia tudo sem nunca ter lido um livro, levava tudo na alma. Dizia que tinha nascido das estrelas, que era meio humano, meio alienígena e mostrava isso no palco. Ele se transformava com a música, explodia."

Mas isso depois de aprender a tocar guitarra amarrando cordas no pé da cama que dividia com o pai e o irmão num apartamento infestado de baratas, o "gueto dos guetos", como lembra Leon.

Pobres, os irmãos Hendrix ajudavam o pai alcoólatra em trabalhos de jardinagem para sustentar a casa e viram seus irmãos mais novos, um menino e duas meninas, serem entregues para adoção.

Mesmo depois da fama, conta Leon, Jimi Hendrix vivia só da diária de US$ 50 que seus empresários liberavam e teve boa parte da fortuna surrupiada. Ele também suspeita de que os executivos estejam envolvidos de alguma forma na morte do irmão -o contrato com a gravadora venceria na semana seguinte àquela em que morreu.

"Sei que as circunstâncias da morte são misteriosas, o caso chegou a ser reaberto três vezes, mas ninguém colabora", diz Leon, que foi deserdado pelo pai e hoje não recebe nada por direitos autorais do irmão. "Mas eu não penso mais em nada disso."

Leon prefere reviver memórias. "Parece que foi ontem", lembra. "Tudo era mágico."

No livro, ele descreve as baladas ao lado do irmão durante uma turnê pela Califórnia. "Púnhamos cocaína na mesa como se fosse um aperitivo, carreiras grossas, intermináveis", conta Leon. "Todo mundo se dopava nas casas noturnas. Receber uma nota de US$ 100 enrolada para aspirar drogas era tão comum quanto um aperto de mão."

Mesmo que tenha morrido de overdose, Jimi, segundo o irmão, não era viciado em nada. "Era tudo imagem."


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