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Crítica / Biografia

Livro lembra viagens de estadista na 2ª Guerra

Em "Churchill Vai à Guerra", historiador mostra com detalhes a importante contribuição diplomática de líder inglês

RICARDO BONALUME NETO DE SÃO PAULO

CHURCHILL TEVE DE CONVIVER COM A PROGRESSIVA PERDA DE PODER E PRESTÍGIO DO REINO UNIDO. VIAJOU TANTO PARA TENTAR JOGAR SEU CHARME NOS OUTROS LÍDERES ALIADOS, COM SUCESSO CADA VEZ MENOR

Parece incrível que quase meio século depois da morte do estadista britânico sir. Winston Leonard Spencer Churchill (1874-1965) ainda sejam publicados livros com novos enfoques sobre sua vida.

Afinal, ele próprio escreveu copiosamente sobre si mesmo em vários livros de memórias e existe uma miríade de boas biografias. Mas os livros continuam aparecendo. Fazer o quê? Tratava-se de uma personalidade fascinante.

A solução encontrada por autores no século 21 para escrever sobre esse personagem nascido no século 19 e que foi um dos mais importantes líderes políticos do século 20 foi centrar foco em um aspecto específico da sua longa vida.

Um dos melhores livros dessa safra é "Churchill Vai à Guerra", de Brian Lavery.

Churchill gostava de viajar e acreditava na diplomacia pessoal. Entre os grandes líderes aliados da Segunda Guerra (1939-1945), ele foi o que mais viajou para encontrar seus pares: 14 viagens internacionais, contra quatro do presidente americano Franklin Roosevelt e duas do ditador soviético Josef Stálin.

Lavery é um renomado historiador naval britânico, autor de obras sobre a era da navegação a vela, notadamente o auge da Marinha Real durante a guerra contra Napoleão.

Churchill fez várias das viagens a bordo de navios de guerra e de passageiros, por isso o autor já tinha familiaridade com o tema. Ironicamente, Churchill não precisaria viajar tanto, pois tinha "habilidades extraordinárias para comunicação em longa distância", diz Lavery.

"Seus livros eram bem escritos e vendiam bem. Suas transmissões radiofônicas eram lendárias e ainda suscitam calafrios. Suas cartas e telegramas em caráter particular eram persuasivos ou inspiradores, conforme as exigências da ocasião. Mas estava convencido de que o contato pessoal era o melhor modo de conseguir que as coisas fossem feitas."

O problema era que Churchill liderava o menos poderoso dos três principais aliados.

Um conhecido clichê diz que o Reino Unido contribuiu com tempo, a União Soviética, com sangue -27 milhões de civis e militares mortos, dos cerca de 50-60 milhões de mortos-, e os Estados Unidos, com material. Para cada britânico morto na guerra, morreram 60 soviéticos.

Da queda da França em 1940 até a invasão da União Soviética pelos nazistas em junho de 1941, os britânicos estavam sozinhos e sem condições de vencerem a muito mais poderosa Alemanha.

Conseguiam apenas não serem derrotados, dando tempo para as outras potências entrarem na guerra.

Churchill teve de conviver com a progressiva perda de poder e prestígio do Reino Unido. Viajou tanto para tentar jogar seu charme nos outros líderes aliados, com sucesso cada vez menor.

É significativo que ele tenha estado em Washington e Moscou, mas nem Roosevelt nem Stálin foram até Londres, mesmo quando a viagem se tornou mais segura.

É de causar admiração os esforços desse senhor sexagenário em se arriscar em viagens por mares infestados por submarinos ou em aviões voando perto de áreas controladas pelo inimigo.

ESCORREGÕES

O livro é bem editado, mas com os tradicionais escorregões quando se trata de tradução de termos técnicos -o correto é cruzador de batalha, não cruzador de guerra, na legenda da foto do HMS Renown.

Por sinal, fotos muito bem escolhidas por Lavery e com ótima reprodução na edição brasileira. Mas na capa e lombada o autor é chamado de Bryan em vez de Brian.

Como lembra Lavery, Churchill nasceu em uma época em que os navios a vela ainda predominavam nos oceanos e, ao longo da sua vida, os meios de transporte foram evoluindo até tornarem as viagens internacionais mais seguras, rotineiras e econômicas.

Mesmo os encontros entre chefes de Estado se tornaram mais comuns. Nisso tudo, "como de muitas outras áreas", Churchill foi um pioneiro.


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