Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Crítica / História

Obra não traz nada inédito, mas é boa introdução para o conflito

DE SÃO PAULO

Mais um? Essa é a reação natural ao se deparar com mais um livro resumindo a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

"A Tempestade da Guerra - Uma Nova História da Segunda Guerra Mundial" saiu originalmente em 2009, obviamente para aproveitar o aniversário de 70 anos do início do conflito, e tornou-se o esperado best-seller.

Andrew Roberts é considerado um "historiador popular", alcunha que os acadêmicos costumam dar aos autores que escrevem de modo claro e vendem bem.

Não há dúvida de que Roberts é um bom escritor, pois o texto flui sem esforço, de modo agradável. Ele também costuma ser criticado por ser politicamente conservador e ter apoiado a invasão do Iraque.

Mas o subtítulo é enganoso: não há quase nada de "novo" no livro, apenas uns poucos documentos consultados em um arquivo particular e que nada de bombástico revelam.

Para quem pouco conhece o assunto, o livro pode ser uma boa obra introdutória, embora existam outros e melhores livros, como o de Peter Calvocoressi e Guy Wint ("Total War"), os de Max Hastings e John Keegan.

Quem já leu extensivamente sobre o tema não vai encontrar muita coisa que não tenha lido em outra parte e poderá até se irritar com os erros espalhados pelo livro.

Alguns são difíceis de acreditar, como a mania de chamar o Exército alemão de Wehrmacht, quando essa palavra significa o conjunto das Forças Armadas nazistas, Marinha (Kriegsmarine), Força Aérea (Luftwaffe) e Exército (Heer). Ou então a insistência em usar "inglês" em vez do correto "britânico".

DADOS TÉCNICOS

O livro é repleto de estatísticas e dados técnicos, muitas vezes sem necessidade óbvia ou sem o devido contexto. Que adianta saber se um tanque tem 30 ou 45 toneladas, se a informação vem sem a explicação da sua relevância?

Quando o dado técnico poderia ser útil, Roberts erra. Dizer que o canhão do tanque alemão Panzer 4 (que ele chama pela nomenclatura britânica, Mark 4) tinha calibre de 76 mm em vez do correto 75 mm é um erro inofensivo, embora irrite os aficionados pelo tema.

Já dizer que o couraçado de bolso alemão Graf Spee tinha seis canhões de calibre oito polegadas, quando o correto é 11 polegadas, é um erro mais grave, pois seus adversários, três cruzadores britânicos, tinham canhões bem menos poderosos.

Em compensação, as descrições de combates e batalhas são bem feitas, e o autor desfaz vários mitos, como a defesa dos generais alemães no pós-Guerra de que desconheciam as atrocidades nazistas, botando toda a culpa em Hitler e na SS (organização nazista). Sabiam e muitos colaboraram.

A tese principal de Roberts é a de que Hitler perdeu a guerra porque era nazista. É uma ideia interessante e não tão óbvia como pode parecer.

Virou moda certa época escrever "história contrafactual", do tipo "e se?" -e se Hitler não tivesse se desviado do ataque a Moscou?

E se tivesse capturado a Força Expedicionária Britânica em 1940? E por aí vai. Roberts não vai por esse caminho na sua análise do esforço de guerra nazista.

"E se Hitler tivesse tratado melhor as populações da União Soviética, como os ucranianos, que estavam fartos da ditadura comunista?" Teria sido uma manobra racional.

Mas Hitler e os nazistas desprezavam os eslavos e queriam exterminá-los e escravizá-los. Hitler começou a guerra porque era nazista e a perdeu pelo mesmo motivo.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página