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Peça mostra os efeitos do Alzheimer em família

"O Lugar Escuro", que estreia no Rio, é baseada em livro de Heloisa Seixas

Espetáculo é um relato da experiência pessoal da autora, que lidou com a doença degenerativa da mãe

MARCO AURÉLIO CANÔNICO DO RIO

"No mesmo dia em que minha filha saiu de casa, minha mãe enlouqueceu. Era um sábado. Mamãe enlouqueceu num sábado de manhã."

O relato, franco e direto, é de uma mulher de meia-idade relembrando os primeiros sinais do mal de Alzheimer que acometera sua mãe.

Ele é o ponto de partida de "O Lugar Escuro", peça de Heloisa Seixas baseada em seu livro homônimo, que estreia hoje, no Rio.

O espetáculo mostra o impacto da doença degenerativa sobre as relações familiares, a partir da experiência real da autora.

"Escrevi o livro sem saber se publicaria, então tem muita franqueza, eu falava da minha raiva, das minhas terríveis dificuldades em lidar com minha mãe, foi uma coisa de catarse", diz Heloisa.

O estilo e o tema do livro, lançado em 2007, fizeram com que houvesse "uma grande identificação das pessoas com ele", segundo a autora, o que a incentivou a adaptá-lo para o palco.

"Eu imaginei que, quando toda aquela problemática tomasse corpo através da encenação, isso ganharia ainda mais força."

PERSONAGENS

Em cena, três personagens -a velha (vivida por Camilla Amado), a mulher (Clarice Niskier) e a jovem (Laila Zaid)- representam a autora, sua mãe e sua filha.

A montagem, dirigida por André Paes Leme, mostra as dificuldades da convivência com uma pessoa que vai perdendo a lucidez -os esquecimentos, os acidentes, a irritação-, mas trata principalmente do impacto que isso causa na filha e na neta.

"A peça não é apenas sobre o Alzheimer. É sobre relações familiares, as dificuldades de relação entre mãe e filha, o ciúme entre irmãos e também sobre a loucura de escrever", diz Heloisa.

Diferentemente do que o tema pode sugerir, os envolvidos afirmam que a peça não tem um tom depressivo -há momentos de humor e de singeleza, o que a atriz Camilla Amado descreve como "um documentário alegre".

"É uma peça sobre o amor, em todos os seus prismas. Não podemos oferecer um drama ao público que já vive esse drama. Temos de oferecer um consolo", diz a atriz.

"Não gostaria que alguém saísse pensando 'nossa, se minha mãe tiver Alzheimer, ferrou'", diz o diretor, André Paes Leme. "O tom é de superação de tristeza."


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