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Eu sou a filha do chiquito bacana

Lula, única herdeira de Chico Science, faz sua estreia como cantora em novo projeto de Jorge Du Peixe

Leticia Moreira/Folhapress
A cantora Lula, filha de Chico Science, no bairro do Sumaré, SP
A cantora Lula, filha de Chico Science, no bairro do Sumaré, SP
LUCAS NOBILE DE SÃO PAULO

Louise Taynã, a Lula, se ajeita em poses para as fotos da reportagem da Folha, em um escadão que sai da praça Irmãos Karmam, beirando a avenida Sumaré, zona oeste de São Paulo. Tímida, aos 22 anos, ela ainda não se acostumou com a plateia de taxistas e pedestres da praça, curiosos com os cliques.

Não se acostumou tampouco com a profissão que abraçou. Única filha de Chico Science (1966-1997) -principal figura do manguebeat nos anos 1990-, Lula estreia hoje como cantora no projeto Afrobombas, de Jorge Du Peixe, vocalista da Nação Zumbi desde a morte de Chico.

"Não esperem que eu vá ser o Chico Science de saias", diz a garota. "Nem uso o sobrenome artístico para evitar que fiquem falando. Ele foi gênio, não é minha intenção chegar ao patamar dele."

Quando Chico morreu, Lula tinha seis anos. Só percebeu a importância musical do pai na adolescência. Antes, ouvia "bobagens de criança", como Sandy & Junior. A mãe mostrava "coisas boas", como Gonzagão e Clara Nunes.

Aos nove, descobriu-se afinada e fez pequenas participações em uma banda de forró de sua mãe, no Recife.

FILHOS DO MANGUE

Lula conheceu Ramon, 22, filho de Jorge Du Peixe, por volta dos três anos, na capital pernambucana. Depois da morte do pai, ficaram anos sem ter contato. Aos 17, em São Paulo, para onde ela havia se mudado para estudar cinema, o rapaz a procurou.

Reaproximaram-se, começaram a namorar e moram juntos há três anos e meio. Com Ramon -percussionista da Nação Zumbi desde 2011-, ela também divide o palco hoje no Afrobombas.

"Tá tudo em família. Já tocava com meu filho e achei que fosse natural convidar a minha nora. São aquelas coisas da vida que ninguém explica", diz Du Peixe.

As referências de Lula são diversas e passam longe do manguebeat. No celular dela, tocam Céu, Criolo, Lirinha, Otto, Siba e Amy Winehouse, estampada em sua camiseta.

Hoje à noite, além dos backing vocals, ela interpretará algumas músicas também na linha de frente do palco. Arriscando suas primeiras letras, Lula pretende, no futuro, fazer um disco seu.

Herdeira universal do espólio de Chico Science, ela também revela que há muitas letras inéditas de seu pai. "Tem coisa guardada com minha tia, em Recife, e deve ter muita letra com os parceiros dele. Não tomei conhecimento de tudo, ainda é um assunto de família."

BAILE BEATNIK

Fã do escritor americano Jack Kerouac (1922-1969), Jorge Du Peixe batizou o show do Afrobombas de "baile beatnik", no sentido de ter um "romantismo escuro" e de ser "meio fuleiro, fácil e breve".

No repertório, além de músicas com influências jamaicanas, de afro-rock e de psych-funk, Du Peixe e banda tocarão também composições autorais inéditas.

Sem contar suas canções gravadas por outros artistas, como "Chegar em Mim" (Céu), "Saudades do Mundo" (com Ortinho, gravada por este), e "Passione", composta com Junio Barreto para a trilha do filme "Febre do Rato", de Cláudio Assis, e que está em álbum de Barreto.

"A gente não quis revelar muita coisa intencionalmente. No Brasil, as pessoas não estão habituadas a ir a um show sem saber o que esperar. Elas compram ou baixam o disco e já vão sabendo o que vai rolar", comenta Du Peixe. "A gente testa no palco e depois vê se vira um CD."


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