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Hippie loiro quer ser o novo Stevie Wonder

Allen Stone, de 25 anos, lança seu segundo disco de soul music e conta que aprendeu a cantar quando ia à igreja

Assumindo influências de astros das décadas de 1960 e 1970, americano diz que visual não tem importância na música

RONALDO EVANGELISTA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Voz de Stevie Wonder, cara de hippie nerd. Nascido na pequena cidade de Chewelah, no estado norte-americano de Washington, Allen Stone tem 25 anos, é loiro e canta como se estivesse fazendo música negra nos anos 1970.

Em 2010 o compositor e cantor gravou e lançou seu primeiro disco, "Last to Speak", de maneira independente.

Seu segundo álbum, homônimo, foi produzido da mesma maneira, mas chamou tanta atenção que foi relançado pela gravadora ATO (do músico Dave Matthews). No Brasil, sai pela Som Livre.

Stone explica que encontrou seu som quando descobriu o universo da soul music dos anos 1970.

"Quando eu tinha uns 15 anos, alguém me deu o álbum 'Innervisions', de Stevie Wonder, que abriu minha cabeça, era incrível. Foi a faísca que me fez decidir virar um cantor de soul", conta.

"Eu conhecia um pouquinho de hip-hop e um pouquinho de R&B, mas não muito", lembra.

"E definitivamente não conhecia a soul music dos anos 1960 e 1970. Não tinha sido apresentado a esse som até aquele momento. Depois disso ouvi Sam Cooke, Donny Hathaway, Marvin Gaye -todos esses cantores realmente me ensinaram a cantar."

Antes da epifania pop da descoberta de Stevie Wonder, a grande influência era a igreja, onde Stone pregava com a família. "Aprendi meu estilo tentando imitar o que ouvia em discos, mas antes disso eu já sabia cantar porque fui criado no coro da igreja de meu pai", observa.

"Eu era um jovem muito religioso, meu pai é pastor, meu irmão é pastor, eu decidi que também seria um, estudei as escrituras. Mas um dia acordei e literalmente não acreditava mais, aquilo não fazia mais sentido para mim. Tive que ser sincero com minha alma e meu espírito, foi aí que saí da igreja."

Atualmente, além da força de distribuição de seu disco, Stone tem se dedicado intensamente ao palco, com agenda lotada de 300 shows no último ano e meio.

AO VIVO

"Um artista tem crédito quando faz um bom show", diz. "Tocar ao vivo é a única coisa real que ainda temos na música hoje."

E para cantar soul faz diferença ser negro ou branco? Com sua voz potente e cara de garoto, com grossos óculos e longo cabelo, Stone certamente respondeu inúmeras vezes perguntas sobre seu visual.

"Estou surpreso por você não ter perguntado antes", graceja. "Através da história, a soul music teve um visual específico, então, se falamos de estética, eu entendo que as pessoas me ouçam cantando e aí vejam uma foto minha e pensem 'como assim?'."

ALMA E ESPÍRITO

"Sou um garoto hippie do noroeste dos Estados Unidos e não é comum você ouvir soul music saindo de alguém que se parece comigo."

Para Allen, no entanto, desde que a música seja boa, não importa se você é negro ou branco.

"Antigamente, as pessoas seriam renegadas no meu país se falassem sobre um presidente de pele marrom. Não é a cor que cria as qualidades de um homem, é o espírito e a alma daquele ser humano. Minha música não é ditada pela cor da minha pele. Alguns dos maiores cantores de soul que já vi eram tão pálidos quanto eu", conclui, rindo.


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