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Rebeldia de 'Edukators' estreia no teatro

Hans Weingartner, diretor do filme, participa da adaptação e diz que hoje é mais difícil lutar contra o capitalismo

Obra de 2004 chega aos palcos dirigida por João Fonseca e com texto de Rafael Gomes, no Oi Futuro do Rio de Janeiro

GUSTAVO FIORATTI ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A juventude passou, mas Hans Weingartner, diretor do filme "Edukators" (2004), não desistiu da ideia de tentar promover ou participar de revoluções. Ele só não sabe, hoje com 42 anos, dizer qual modelo pode ser adotado para agir contra um sistema "flexível como o capitalismo".

Seu romantismo e sua relutância em tornar-se pacífico frente às diferenças sociais pelo mundo se refletem na composição dos personagens de "Edukators", que ganha adaptação para os palcos a partir de hoje no teatro Oi Futuro do Rio de Janeiro.

A montagem, dirigida por João Fonseca e adaptada para o teatro por Rafael Gomes, deve ser encenada em São Paulo ainda neste semestre.

A história de três jovens que invadem mansões com a intenção de assustar (e educar) milionários é reflexo também de histórias da juventude do diretor austríaco.

Weingartner conta que, entre os 19 e os 21 anos, protestava "contra o sistema" participando de ações de vandalismo em Berlim -até ateou fogo no carro de um sujeito que queria expulsar inquilinos de sua casa. "Ok, já se passaram 20 anos, acho que não tem mais problema em contar essa história", brinca.

Para ele, o vandalismo representava um modo pessoal de lutar contra um sistema que considerava doente. "Mas sei que, no fim, aquilo não mudou nada", afirma.

"A maioria das coisas que eu fiz foram estúpidas. No filme, e agora na peça, meus personagens fazem coisas mais inteligentes", analisa.

FUTURO

O diretor tem planos de trabalhar no Brasil, filmando uma história de amor que se chamará "O 303".

Esse título faz referência ao modelo de um velho ônibus da Mercedes-Benz, que no longa será usado por um dos dois protagonistas em estradas Brasil afora.

Se o projeto der certo, será sua segunda investida no país. A primeira foi uma parceria com Bráulio Mantovani, roteirista de "Tropa de Elite".

Hans começou a dirigir um filme com roteiro de Mantovani em 2007, por encomenda de produtores britânicos, mas ele foi demitido no meio do processo de filmagem.
"Eles queriam fazer 300 mudanças no roteiro de Mantovani, e eu disse a eles que todas aquelas mudanças eram uma merda", disse.

O projeto do filme foi abortado por completo quando os produtores demitiram o segundo diretor, um britânico, segundo Hans.

Além de usar o cinema como ferramenta para expressar suas inquietações, o diretor costuma participar de manifestações políticas, como a versão berlinense para o movimento Occupy Wall Street.

"Fiquei em uma barraca na [praça] Alexanderplatz, mas foi frustrante porque não resultou em nada", afirma.

"O sistema em que vivemos é flexível demais. Noutro dia, [a chanceler alemã] Angela Merkel disse que as pessoas deveriam protestar contra os bancos. Mas, ao mesmo tempo, vai a jantares com os chefões desses bancos e diz 'ok, vamos cobrir seus débitos'."

Arte pode ser um jeito de mudar as coisas, defende Weingartner, "mas isso não é uma obrigação do artista necessariamente".

"Isso é o que eu tento fazer com 'Edukators', e acho que tenho um pouco de sucesso ao mostrar pessoas que ainda têm energia para mudar as coisas", conclui.

EDUKATORS
QUANDO de qui. a dom., às 20h; até 31/3
ONDE Oi Futuro (r. Dois de Dezembro, 63, Flamengo, no Rio de Janeiro; tel. 0/xx/21/ 3131-3060)
QUANTO R$ 20
CLASSIFICAÇÃO 12 anos


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