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Ministério mudará gestão da Cinemateca

Novo secretário do Audiovisual, Leopoldo Nunes, diz que vai retomar controle da instituição e esvaziar poder de ONG

Maior parte dos recursos do órgão nos últimos dez anos foi captada por Sociedade Amigos da Cinemateca

MATHEUS MAGENTA SILAS MARTÍ DE SÃO PAULO

Depois de exonerar Carlos Magalhães do cargo de diretor da Cinemateca Brasileira na semana passada, o novo secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, Leopoldo Nunes, iniciou esforços para retomar o controle do órgão responsável pela preservação de 30 mil títulos.

Segundo ele, a secretaria foi "omissa" no controle da Cinemateca, que recebeu nos últimos dez anos cerca de R$ 170 milhões. Do total, R$ 20 milhões foram repassados diretamente pelo ministério e outros R$ 150 milhões foram captados, via renúncia fiscal e convênios com o próprio MinC, pela Sociedade Amigos da Cinemateca, uma organização sem fins lucrativos que dá apoio à gestão do órgão.

AUDITORIA

Auditorias da CGU (Controladoria-Geral da União) sobre os exercícios de 2010 e 2011 da Cinemateca apontam falta de controle do MinC sobre a execução dos recursos, além de problemas na gestão de bens e em licitações.

Após o Carnaval, uma força-tarefa formada por membros do ministério, da Sociedade Amigos da Cinemateca e da CGU irá se debruçar sobre as prestações de contas dos repasses feitos pelo MinC para a ONG.

Desde o mês passado, quando assumiu a secretaria do Audiovisual, Leopoldo Nunes -ex-diretor da Ancine (Agência Nacional do Cinema) e da TV Brasil- sinalizou que fará mudanças na estrutura da Cinemateca, que, segundo ele, sofre uma "crise de crescimento".

A Sociedade Amigos da Cinemateca passou a gerir financeiramente, nos últimos dez anos, projetos pouco ligados às atribuições da instituição.

Esse inchaço se deu porque a ONG pode contratar pessoas e gastar recursos com menos burocracia e mais rapidez que o governo.

Um exemplo é o quadro funcional da Cinemateca: 80% de seus 112 funcionários são contratados pela Sociedade Amigos da Cinemateca em regime de pessoa jurídica.

O plano do novo secretário é esvaziar o poder da ONG e transferir parte dos projetos da Cinemateca -cuja sede fica em São Paulo- para outras áreas da pasta, como o CTAv (Centro Técnico Audiovisual), no Rio.

INQUIETAÇÃO

As incertezas sobre o novo modelo administrativo e quanto à continuidade de projetos em andamento provocaram inquietação entre gestores, conselheiros e funcionários da Cinemateca.

"Estou preocupado com a autonomia e o futuro da instituição, que atingiu um nível extraordinário e hoje está entre as cinco melhores cinematecas do mundo", afirmou Carlos Augusto Calil, ex-secretário municipal da Cultura de São Paulo e membro

do conselho.

Na última quarta-feira, segundo apurou a Folha, funcionários da Cinemateca foram comunicados de que seus cargos seriam extintos após mudanças anunciadas pelo MinC, mas em seguida a diretora interina, Olga Futemma, recuou e lhes informou que o corte de vagas não é certo.

O MinC nega que haverá demissões.

RUMOS

O sucessor de Carlos Magalhães ainda não foi definido. Na próxima segunda, o conselho da Cinemateca irá discutir os rumos da instituição e o nome do novo diretor, que pode sair dessa reunião.

Ao longo da gestão de Carlos Magalhães, entre 2002 e 2013, funcionários e membros do conselho dizem que a Cinemateca ganhou mais visibilidade, verbas e equipamentos modernos, mas que a preservação do acervo acabou em segundo plano, inclusive com redução da equipe.

Procurado pela Folha, Magalhães não quis comentar sua gestão.

Leopoldo Nunes afirma que a preservação e a digitalização do acervo da Cinemateca serão prioritárias na nova gestão da instituição. Ele estabeleceu como meta digitalizar 3.000 obras até o final do ano que vem.


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