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Análise

Visionário e inovador, ele revitalizou a Bienal de SP

FABIO CYPRIANO CRÍTICO DA FOLHA

Visionário. O termo pode soar exagerado após a notícia da morte, mas sem dúvida é merecido para descrever Walter Zanini, figura fundamental no cenário das artes plásticas brasileiras.

Sua atuação, tanto no Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP (de 1963 a 1978) quanto na Bienal de São Paulo (1981 e 1983), introduziu no país práticas curatoriais inovadoras e arrojadas.

Na 16ª Bienal de São Paulo, a de 1981, por exemplo, como curador-geral, Zanini foi pioneiro ao abolir a divisão dos artistas em representações nacionais e exibi-los por "analogias de linguagem" (pintura, escultura, vídeo...), acabando com o modelo "festa das nações".

Contudo, as representações nacionais retornaram em edições seguintes e só foram extintas de fato em 2006, na 27ª Bienal, com curadoria de Lisette Lagnado.

A 16ª Bienal representou também a revitalização da instituição, alvo de boicotes nas edições anteriores, por conta da ditadura no país. Na 17ª Bienal, Zanini novamente marcou história ao abrigar ações de artistas do movimento Fluxus, como Ben Vautier e Dick Higgins.

Ele ainda criou uma sala especial para Flávio de Carvalho (1899-1973), homenageado da 29ª Bienal, e trouxe ao evento nomes do porte de Anish Kapoor, Antony Gormley e Keith Haring, quando todos eram iniciantes.

A vinculação a jovens artistas foi, aliás, uma de suas marcas no MAC. Entre 1967 e 1974, Zanini organizou oito exposições denominadas "Jovem Arte Contemporânea" (JAC), que abriram espaço para artistas como Cildo Meireles, Regina Silveira, Artur Barrio e Carmela Gross, hoje consagrados.

Com isso, mesmo dirigindo o MAC no auge da ditadura, Zanini criou um espaço de incentivo à produção e à reflexão. Graças à sua ação, o MAC alcançou uma forte inserção no circuito internacional, que lhe rendeu um dos mais amplos acervos de arte conceitual do período, incluindo a arte postal.

Outra faceta do curador foi seu entusiasmo e apoio aos novos meios, como o vídeo. Em 1974, organizou no MAC uma das primeiras mostras de videoarte no país. A exposição seguiria no ano seguinte para o Instituto de Arte Contemporânea da Universidade da Pensilvânia (EUA): tratava-se da primeira mostra de arte em vídeo do Brasil no exterior.

Visionário, no caso de Zanini, é até pouco.


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