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Grupo compartilha casa, cartão de crédito e criação de um bebê

DE SÃO PAULO

A casa de nº 282 da rua Scuvero, no bairro da Liberdade, em São Paulo, é conhecida como Circuito Fora do Eixo, quartel-general da rede.

Pelo sobrado passaram Marina Silva (ex-ministra do Meio Ambiente) e Franklin Martins (ex-secretário de Comunicação Social), Richard Stallman (fundador do Software Livre), Criolo e Gaby Amarantos.

Mas ninguém ali recebe mais atenção que Benjamin, de dois meses de idade, um dos 18 moradores fixos do imóvel alugado por R$ 3.700.

Filho de dois integrantes do grupo, sua "gestão é compartilhada", avisa uma das moradoras da casa.

Benjamin é também símbolo da sociedade criada por jovens que vivem 24 horas por dia, sete dias por semana, em função do Fora do Eixo.

O que à primeira vista parece uma república universitária é, de fato, a ideia de "coletivo" levada ao pé da letra.

Praticamente tudo é de todos, como Benjamin e os dois carros que servem ao grupo.

Quem entra na casa não tem salário, mas ganha a senha de cartões de crédito coletivos. Assim, custeiam despesas comunitárias e individuais, como roupas (vale o bom senso: se quiser comprar grife, pode, mas boa sorte explicando essa "necessidade").

Os gastos são anotados num caderno batizado de "Livro Caixa". Por mês, vão-se cerca de R$ 17,5 mil, de material gráfico para projetos (R$ 400) a produtos para higiene pessoal (a conta da farmácia fica em R$ 500).

Em média, sacam R$ 6.300 por mês para alimentação. Saem uns 40 almoços por dia (além dos residentes fixos, há dezenas de visitantes diários). Quando a Folha esteve lá, o menu era carne assada e batata ao molho branco. Na mesa, uma Coca-Cola vazia.

Os visitantes da casa vêm das cinco regiões do país e da periferia da cidade. Outros tantos integram a juventude da zona oeste paulistana que adota o sobrenome "Guarani-Kaiowá" no Facebook.

Os debates, animados, se estendem até os chamados "bondes da madrugada".

NEGÓCIOS

Os moradores da Casa trabalham com laptops no colo numa miríade de projetos.

No começo, a expertise era festival de música independente (Vanguart e Macaco Bong se fortaleceram nesse circuito). Hoje, o leque vai de teatro a editorial de moda.

Muitos prestam serviços de mídia e design para empresas. Outra atividade que alimenta a "caixinha" é consultoria -para quem, por exemplo, quer organizar sua própria rede. Os preços variam.

"Tem de R$ 3.000 e de R$ 15 mil. E há quem troque por Cubo Card [moeda criada pelo grupo]", afirma o cofundador Pablo Capilé. (AVB e MM)


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