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Crítica Drama

'Deixe a Luz Acesa' não quer apenas satisfazer plateia gay

CÁSSIO STARLING CARLOS CRÍTICO DA FOLHA

O cinema gay ficou tão restrito à expressão ou à autocontemplação de um nicho da diversidade sexual que raramente seu público se preocupa em exigir algo que ouse além da temática.

Portanto, vale avisar que o estilo de vida e a busca insaciável do desejo do protagonista homossexual de "Deixe a Luz Acesa" não se resumem à mera satisfação das fantasias dessa plateia.

Ao contrário, as escolhas do diretor Ira Sachs visam antes criar incômodo, sonegar as ilusões que a sala escura tende a proteger.

Em "Deixe a Luz Acesa", Sachs retoma sua própria experiência emocional ao reconstituir sua turbulenta relação com Bill Clegg, escritor movido a drogas que foi seu companheiro por uma década.

Contudo, mais que filme confessional ou lavagem pública de roupa suja, Sachs propõe uma educação sentimental na forma de crônica sobre a incompletude e a frustração.

Na busca de Erik, um documentarista alter ego do diretor, por sexo casual, não há nada de interpretação moral para o vácuo vivido pelo personagem. Ao contrário, o sexo ali assume a função de encontro, de proximidade mais possível que em outras situações.

Além disso, as cenas iniciais anunciam a escolha da direção por uma economia narrativa baseada em elipses que se tornará essencial para capturar o relacionamento que se estabelece com Paul e suas flutuações, como tantos fragmentos de afetos que vêm e vão sem ter tempo de criar continuidades.

Nessa estética intensificada pela luminosidade rarefeita do digital, o que se reflete em particular é um sentimento, uma melancolia difusa, um modo de dizer algo que a maioria conhece sem saber direito o quê.


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