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Primeira a destoar do mito, biografia segue relevante

DE SÃO PAULO

Um dos aspectos do mito em torno de Sylvia Plath é sua figura de mulher abandonada - colocando o marido de quem se separou, o poeta inglês Ted Hughes, na posição do homem cruel.

Os amigos de Hughes reagiram, e teve início uma curiosa "guerra das biografias". "Bitter Fame" (1989), da poeta norte-americana Anne Stevenson, aqui publicada como "Amarga Fama" (Rocco, 1992), foi a primeira feita com o auxílio de Olwyn Hughes, irmã de Ted e gerenciadora dos direitos sobre a obra de Plath.

O livro foi criticado como sendo a versão de Hughes dos fatos, na qual ele era retratado de modo favorável. Primeira biografia "dissidente" da tese da mulher traída e abandonada cultivada por muitos dos seguidores de Plath, "Amarga Fama" segue falada.

Stevenson publicou também estudos sobre a poeta Elizabeth Bishop, com quem se correspondeu quando ela morava no Brasil. Leia, a seguir, trechos da entrevista que Stevenson, 80, concedeu à Folha, por telefone.

(MARINA DELLA VALLE)

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Folha - Apesar das várias biografias de Plath publicadas, "Amarga Fama" segue bem conhecida e discutida. A que a sra. credita isso?

Anne Stevenson - "Amarga Fama" foi escrita com a esperança que eu dividia com Olwyn Hughes quando me propus a escrever o livro: de que a obra revelaria o verdadeiro estado das relações entre Sylvia Plath e Ted Hughes nos meses que antecederam o suicídio de Plath.

O relacionamento deles tinha dois lados e era complexo, não simplesmente o caso de Ted Hughes abandonar sua mulher por uma "femme fatale", na figura de Assia Wevill. O lado escuro do talento excepcional de Plath era o mito aterrorizante que ela criou de sua própria existência.

Se o livro foi, como descreveu Janet Malcolm, o primeiro relato inteligente e crível da vida de Plath, isso ocorreu porque, no final, eu tive de me livrar tanto dos preconceitos de Olwyn como da histeria desinformada dos que atacavam Ted.

Em "A Mulher Calada", Janet Malcolm descreve as condições sob as quais a sra. escreveu o livro, especialmente a pressão feita por Olwyn. O relato é preciso?

Sim, mas eu acho que Olwyn não me conhecia muito bem. Em princípio, eu não dou a impressão de estar segura sobre mim mesma ou minhas opiniões.

No início, nós nos demos bem. Acho que Olwyn pensou que eu poderia escrever meu livro como ela ditava. Eu a magoei quando me recusei a tomar seu ponto de vista como uma verdade evangélica.

A sra. escreveu bastante sobre Elizabeth Bishop. Pesquisou o tempo que ela passou no Brasil?

Eu comecei a me corresponder com Bishop em 1963, quando ela estava vivendo em Petrópolis com Lota de Macedo Soares, e eu li todos os livros e poemas que ela escreveu sobre o Brasil, mas nunca estudei a vida dela lá. Sinto por não ter visitado o Brasil. Se eu o fizesse durante a vida de Bishop, poderia ter tido uma vida diferente. Mas a rota não trilhada está fechada para sempre. Aos 80 anos, não vou me permitir arrependimentos.


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