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Midas do erotismo inglês brilha em Berlim

Filme de Michael Winterbottom conta a vida de Paul Raymond, que revolucionou cultura sexual no Reino Unido

Sem previsão de estreia no Brasil, 'The Look of Love' tem Steve Coogan no papel do homem que foi o mais rico do país

RODRIGO SALEM ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

As chances de que você já tenha ouvido o nome Paul Raymond (1925-2008) são mínimas. Afinal, nem o diretor britânico Michael Winterbottom, que acabou de lançar no Festival de Berlim "The Look of Love", um filme sobre o próprio Raymond, conhecia até recentemente o personagem, que revolucionou a cultura sexual da Inglaterra.

"Tinha uma noção de que ele havia sido dono de muitas propriedades em Londres, mas só", diz o cineasta, vencedor do Urso de Ouro de Berlim em 2002 com "Neste Mundo" (e do Urso de Prata de direção em 2006, pelo documentário "Caminho para Guantánamo").

É até difícil acreditar que tal personagem não tenha alcançado tanta notoriedade: Raymond é uma versão inglesa de Hugh Hefner e Larry Flint, dois dos maiores nomes das publicações eróticas americanas. Nascido em Liverpool, em 1925, ele começou a carreira se promovendo como vidente.

Quando um dono de teatro ofereceu um reforço de cachê para que as assistentes de palco de Raymond tirassem a roupa durante o show, o mágico picareta viu que o sexo era o futuro do negócio.

Na década de 1950, abriu um clube de espetáculos eróticos em Londres e tirou a pornografia do gueto, concebendo shows suntuosos regados a champanhe caro. Logo ganhou o apelido de "rei do Soho", bairro onde chegou a ter 400 propriedades -de restaurantes de luxo a boates.

AMIGO DE RINGO

O figurão se dizia amigo dos Beatles ("tirando Yoko, é claro"), teve os móveis de sua casa desenhados pelo baterista Ringo Starr, criou uma revista masculina, casou-se com mulheres lindíssimas e viu a filha mais velha morrer de overdose.

O filme de Winterbottom faz um retrato mais cômico do que melancólico desse homem que era em 1992 o mais rico da Inglaterra, com uma fortuna estimada em cerca de US$ 4 bilhões.

"Steve [Coogan, que interpreta Raymond] foi quem me convenceu a fazer o filme. Ele queria mostrar o lado empolgante de Paul, sem deixar de lado o aspecto sombrio de seu comportamento", explica Winterbottom. "Mas Steve queria mesmo era usar uma peruca legal", brinca.

Coogan repete muitos maneirismos usados em "A Festa Nunca Termina" (2002), outra biografia de uma importante figura da cultura pop inglesa, o produtor Tony Wilson (1950-2007), dono da Factory, quartel-general do "acid beat" de Manchester nos anos 1980 e 1990.

"Não sabia que estava me repetindo", ironiza Winterbottom, conhecido por fazer filmes extremamente diferentes uns dos outros.

"Mas entendo o que está dizendo. É a mesma estrutura narrativa, uma história que se passa ao longo de vários anos e tem altos e baixos. E ainda tem Steve Coogan como estrela novamente. A diferença é que eu amava a Factory e Tony Wilson."

"The Look of Love" ainda não tem distribuidora no Brasil. "A história não é apenas sobre Paul", descreve Winterbottom, sem fugir de um arremate publicitário. "O filme tem temas universais como poder, relação de pai e filhos, dinheiro e, é claro, sexo."


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