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Crítica memórias

Excentricidades de inventor garantem interesse de livro

Brilhante e nada convencional, Nikola Tesla comenta seu trabalho em autobiógrafa

RICARDO BONALUME NETO DE SÃO PAULO

O inventor croata-americano Nikola Tesla (1856-1943) era um misto de professor Pardal com o dr. Sheldon Cooper. E provavelmente era bem mais louco que os dois juntos.

Pardal é o inventor genial criado por Walt Disney para seus quadrinhos, baseado em Thomas Edison, o inventor da lâmpada incandescente, com quem Tesla trabalhou.

Cooper é o personagem mais famoso da série de TV americana "The Big Bang Theory", um físico teórico, absurdamente metódico, que desprezaria o trabalho prático de Tesla. Mas entenderia suas maluquices.

Tesla foi um inventor brilhante, cujo nome hoje é usado como unidade de medida de campo magnético. Uma homenagem justa. Mas ele era igualmente excêntrico como Pardal ou Cooper. E isso acontecia no que chamamos de "vida real".

Basta ler esta curiosa autobiografia publicada originariamente em 1919. Tesla confessa, por exemplo, visualizar imagens inesperadas, "geralmente acompanhadas de fortes clarões de luz, que dificultavam a visão de objetos reais e interferiam em meus pensamentos e atos".

"Eram retratos de coisa e cenas que eu havia realmente visto, nunca de coisas imaginadas." E por aí vai...

É essa excentricidade que torna o livro interessante. Afinal, um livro de memórias de um engenheiro elétrico dificilmente seria algo atraente. Mas Tesla não era nada convencional.

CELIBATÁRIO

Assim como Sheldon, ele foi um celibatário dedicado. Sua pesquisa era sua vida. É impossível não esboçar um sorriso com as excentricidades do homem.

"Tinha forte aversão a brincos de mulher, mas outros ornamentos, como pulseiras, agradavam-me mais ou menos, conforme o desenho. A visão de uma pérola quase me dava um ataque, mas ficava fascinado com o brilho dos cristais ou de objetos de bordas afiadas e superfícies planas", escreveu.

Mas as faculdades ou loucuras mentais de Tesla também tinham seu lado positivo. Ele dizia que conseguia imaginar e visualizar uma invenção e seu funcionamento antes mesmo de produzir um protótipo.

Tudo já funcionava na sua cabeça. Criar a invenção real era apenas uma questão formal. Todos os defeitos potenciais, todos os parâmetros já teriam sido computados no seu cérebro.

Os trabalhos do inventor foram fundamentais para a transmissão de energia elétrica e para a tecnologia do rádio e da televisão.

"O desenvolvimento progressivo do homem é vitalmente dependente da invenção. Ela é o produto mais importante de seu cérebro criativo", afirmava ele.

Logo em seguida ele acrescenta: "Seu propósito final é o domínio completo da mente sobre o mundo material, a subordinação das forças da natureza às necessidades humanas".

Os naturebas românticos e verdes de hoje ficariam horrorizados com essa afirmação do inventor. Mas Tesla está certo, a não ser que alguém ache que o mundo ficaria melhor sem as vacinas, sem a luz elétrica e sem a internet.

MINHAS INVENÇÕES
AUTOR Nikola Tesla
EDITORA Unesp
TRADUÇÃO Roberto Leal Ferreira
QUANTO R$ 20 (116 págs.)
AVALIAÇÃO bom


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