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Show revisita único disco de Amado Maita

Composições serão interpretadas por BNegão, Curumin, Laércio de Freitas, Ed Motta e pela filha Luísa Maita

Ícone do sambajazz, compositor paulistano também terá inéditas lançadas, além de um documentário

LUCAS NOBILE DE SÃO PAULO

O homem de um disco só. Esse foi Amado Maita, compositor, cantor e instrumentista morto em 2005, aos 56 anos, que ganha homenagem hoje em show no Sesc Pinheiros, zona oeste de São Paulo.

Cultuado por por artistas como Milton Nascimento e Moacir Santos (1924-2006), ele terá as composições de seu álbum homônimo, lançado há 40 anos, e músicas inéditas interpretadas por nomes atuais.

O show tem direção do jornalista Ronaldo Evangelista, colaborador da Folha.

No time dos intérpretes estão a cantora Luísa Maita e o seu irmão Marcelo Maita, filhos do cantor, BNegão, Curumin, Tiganá Santana, Bruno Morais, Ed Motta e Laércio de Freitas, que serão acompanhados pela banda Marcos Paiva MP6, do contrabaixista Marcos Paiva.

"Meu pai não falava do disco. Eu mesma só fui saber do LP em 2004, um ano antes de ele morrer. Mais do que um músico, ele era uma figura muito amada, como o próprio nome dizia", diz Luísa.

Além do show, que será registrado em vídeo, um disco com algumas das 30 composições inéditas deixadas por Maita deve ser gravado em breve, com participação do rapper Criolo e do cantor Marku Ribas.

As imagens do show servirão de pontapé inicial para um documentário sobre a curta carreira do artista, que será produzido pela Célula Rítmica e tem lançamento previsto para os próximos meses.

LP DE COLECIONADORES

O ano era 1972 e Maita, paulistano do bairro do Bixiga, afiava suas composições, a maioria em parceria com o letrista José Wilson Lopes.

Violonista autodidata, ele viu Daniel Taubkin, que trabalhava na gravadora Copacabana, recomendá-lo ao diretor Cesare Benvenuti.

Taubkin já havia feito o mesmo com Alceu Valença, aceito pelo caça-talentos do selo para gravar um disco com Geraldo Azevedo. Chegara a vez de Maita.

Recebido o aval, o músico seguiu para os estúdios da gravadora, na avenida Paulista, com sete canções de sua autoria, somadas a outras três, entre elas o samba"Sabe Você", de Vinicius de Moraes e Carlos Lyra.

Lá, acompanhado de nomes respeitados da música instrumental brasileira, como Edison Machado, na bateria, Guilherme Vergueiro, no piano, e com arranjos de Mozar Terra, Amado Maita gravou o álbum homônimo em apenas 16 horas e uma mesa de som de míseros quatro canais.

"Como o disco não tinha uma pegada comercial, fizeram apenas mil cópias", conta Luísa Maita. Músico da noite, Amado nunca chegou a tocar o disco em um show.

Três anos depois da gravação, viajou para Paris, aprendeu a tocar bateria, mas a carreira artística foi sendo deixada de lado. O resultado: seu álbum, referência do sambajazz, virou "cult" e se transformou em artigo de colecionadores.

"O Amado tem peso e relevância. Entendia do sambajazz. Esse trabalho de resgate é muito importante para a música brasileira", diz Laércio de Freitas.

No repertório do show, além dos temas mais conhecidos como "Samba de Amigo", "Cemitério dos Vivos" e "Mariana", feita para sua filha, estão inéditas como "Contradança" (parceria com Mauricio Silva) e "Fui!" (escrita com Daniel Taubkin).

"Nos anos 1980, meu pai passou a cuidar de um estacionamento que era do meu avô. É legal ver que a homenagem partiu de gente que não é da família", diz Luísa Maita.


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