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Teatro

Transtorno psiquiátrico é tema de musical

Com abordagem incomum para o gênero, espetáculo da Broadway foi premiado com três Tony e um Pulitzer

No Brasil, assunto afugentou patrocinador habitual, afirma diretor da versão que estreia hoje no teatro Faap

GUSTAVO FIORATTI DE SÃO PAULO

Não é muito comum ouvir, em musicais da Broadway, frases depressivas do tipo "estamos afundando".

"Next to Normal", cuja versão brasileira estreia hoje no teatro Faap com o título "Quase Normal", causa estranhamento justamente ao confrontar gênero e tema.

Quem diria, um dia, um musical da Broadway falaria sobre bipolaridade sem fórmulas rasas, trazendo à cena integrantes de um núcleo familiar que canta com um nó contínuo na garganta?

A peça nasceu de um experimento teatral curto, realizado em 2008 por Brian Yorkey (texto e letras) e Tom Kitt (composição). A criação tinha como protagonista uma mulher submetida a um tratamento psiquiátrico.

PULITZER

A dupla desenvolveu a peça, e sua primeira temporada no circuito "off" da Broadway, em 2009, levantou ânimos do público e da crítica. A peça recebeu três prêmios Tony e, já na Broadway, em 2010, um Pulitzer.

No centro do espetáculo, que tem versão e direção de Tadeu Aguiar e direção musical de Liliane Secco, está Diana (Vanessa Gerbelli Ceroni), mulher que perdeu seu primogênito ainda bebê. Quando sua segunda filha (Carol Futuro) nasce, ela sequer consegue segurá-la no colo, e o sentimento de rejeição as acompanha até a adolescência da menina.

É nesse ponto que a peça começa, já com mãe e filha afastadas uma da outra e com a menina enfrentando sua insegurança para desenvolver a carreira de pianista erudita. O pai (Cristiano Gualda) tateia formas para contornar a crise, que só se agrava. Os sintomas de Diana a levam à terapia com remédios, à análise e, mais adiante, a um tratamento à base de choques.

A complexidade do tema tem reflexo na partitura da peça, com referências que passeiam entre Mozart, o rock britânico, o jazz e até momentos de heavy metal.

Sim, existe humor nesse retalho de gêneros, e também nas letras, que brincam com nomes de remédios. A banda que faz o acompanhamento tem piano, violoncelo, baixo acústico e elétrico, bateria, violino e guitarra.

Ceroni é uma atriz experiente, tem 20 anos de carreira e já passou por dez musicais antes deste, e diz que "Quase Normal" exige uma uma concentração extra. "Tem esse negócio de ter que cantar sempre com essa tristeza profunda", conta.

TEMA TABU

Com esse tema em mãos, Aguiar conta que teve dificuldade em encontrar patrocínio. "Empresas caretas acharam que esse tema era muito forte para agradar o público e atrair clientes", conta. No fim, Aguiar conseguiu patrocínio junto a empresas ligadas à área da saúde.

O diretor permanece atento ao que pode vir da off-Broadway, agora antes mesmo que o espetáculo americano passe ao circuito oficial. Ele quer encenar ainda a peça "Bare", cuja narrativa tem como centro dois rapazes religiosos que acabam em um envolvimento homossexual.


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