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"Fã-Clube" discute relação entre mentira e arte

GABRIELA MELLÃO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O ator e diretor Renato Livera tem o costume de ler livros imaginando ser os personagens retratados nas obras.

Ficou maluco por "O Fã-Clube" de Irving Wallace. Sentiu na pele a loucura de um fã obcecado que resolve sequestrar uma atriz. A história criada em sua cabeça tomou direções inesperadas, distantes da elaborada pelo autor norte-americano.

Impulsionado pela vontade de encenar sua própria versão, convidou a atriz Keli Freitas para se aventurar pela dramaturgia e desenvolver um enredo em processo coletivo com ele próprio e os demais integrantes de seu grupo, o Físico de Teatro.

O resultado é "Fã-Clube", espetáculo que estreia hoje, no qual Livera participa também como ator e diretor.

A trama fragmentada da peça apresenta o sequestro de uma atriz arquitetado por dois homens que julgam saber tudo sobre a vítima. Apropria-se do romance de Wallace sobretudo para discutir a relação com o outro. "Esse raciocínio metafórico foi nossa bússola", diz Freitas.

Como na montagem anterior do grupo, "Savana Glacial," que rendeu ao autor Jô Bilac o Prêmio Shell de dramaturgia em 2010, o espetáculo dilata os limites entre realidade e ficção.

Há um jogo de metalinguagem em cena. A atriz sequestrada é de fato uma atriz. Durante a peça, os protagonistas discutem sobre o ofício do ator. Falam sobre como a mentira muitas vezes surge travestida de verdade.

Por meio de um comportamento dúbio da atriz, que aparentemente desenvolve uma relação afetiva com um dos personagens, "Fã-Clube" convida o espectador a uma reflexão não apenas sobre o universo do artista mas também sobre as falsas realidades do mundo atual.

"E se tudo que a personagem feminina vive ali for mentira?", lança Liveira. Freitas aprofunda ainda mais a questão: "Será que somos para os outros o mesmo que trazemos dentro de nós?".

"Fã-Clube" não responde a nenhuma dessas questões. No decorrer do espetáculo, estimula a elaboração de outras tantas perguntas na mente do espectador.

Freitas sugere algumas delas: "O que nos torna seres desejáveis ou não? Qual a causa do desejo?".


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