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Pele volta com força no inverno de Milão

Semana de moda italiana confirma tendência de Nova York e apresenta desfiles com looks cheios de "bichos"

Fazendas de pele tentam tornar seu uso sustentável, mas ONGs continuam protestando contra essa prática

VIVIAN WHITEMAN ENVIADA ESPECIAL A MILÃO

"Fur is in the air" (A pele [de animais quentinhos e peludos, no caso] está no ar), diz o slogan num desenho de Karl Lagerfeld entregue aos convidados do desfile da Fendi, anteontem, em Milão.

O estilista, que coassina as coleções da marca, está certo. Com a neve fina caindo sobre a cidade, muitas fashionistas tiraram seus "bichos" do armário.

Os looks estão registrados nos sites e blogs de estilo, que também já elegem a pele como tendência máxima do próximo inverno.

Na passarela da Fendi, que nasceu e construiu sua história com base na peleteria, Lagerfeld mostrou como será esse retorno animal.

Tecnologia de ponta misturada a artesanato. Pele nos óculos, nas roupas, nos sapatos e no cabelo. Haja raposas, haja mink. Ao final do desfile, aplausos animados e comentários sarcásticos sobre o que a Peta (a ONG Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais) acharia da coleção.

No backstage, Lagerfeld diz que a "pele é divertida". É uma brincadeira com Fun Furs, significado dos dois "F" que estão na logomarca clássica da Fendi.

Em entrevista à editora Suzy Menkes, do "International Herald Tribune", o designer comentou que a pele está deixando de ser politicamente incorreta.

Menos de uma hora depois, no desfile da Just Cavalli, um manifestante sobe na passarela e é rapidamente retirado. Na plateia, outros seguram placas onde se lê "sua moda é a morte". Editores e blogueiros tuitam a notícia.

As peles, hit da semana de Nova York, seguem aparecendo, inclusive na coleção da Prada, uma das mais importantes da semana italiana.

A questão da pele é simples para os defensores dos animais: simplesmente não use, dizem eles. Mas o mercado parece não concordar, e os números do consumo de pele vêm crescendo ano após ano.

Empresas como a finlandesa Saga Furs, distribuidora de peles na Europa, viram seus lucros subirem nos últimos anos e puderam aumentar seus preços em até 30%.

No biênio 2009-2010, o total de vendas da companhia chegou a 595 milhões de euros (R$ 1,56 bilhão). Entre seus clientes estão marcas como Versace, Givenchy, Prada, Oscar de La Renta e Dior.

PELE SUSTENTÁVEL

De acordo com a Associação Europeia de Produtores de Pele, o continente já é o maior em termos de "fazendas de pele", onde animais são criados para esse fim.

O grupo possui uma série de regras de conduta e fiscalização desses criadouros. Há instruções específicas quanto ao lugar e aos métodos de acomodação e de retirada das peles.

Teoricamente isso evitaria toda a sorte de crueldade, como as cenas terríveis divulgadas pelos vídeos da Peta. É a chamada "pele sustentável".

Um problema pouco comentado é que o segundo maior reduto de fazendas de pele é a China -e o país praticamente não tem fiscalização ou leis para essa atividade. Relatos de animais vivendo em gaiolas sem poder andar, de uso de peles de gatos e cães domésticos, entre tantas outras denúncias, são constantes.

Girando um pouco o ângulo, as consumidoras de China e Rússia, dois mercados que têm segurado a onda da crise na Europa para as grandes maisons, estão dando as cartas no universo fashion. E ambas são conhecidas por sua obsessão pelas peles.

As tendências de moda estão 100% conectadas às possibilidades de venda. Se megabirôs de previsões de tendência como o WGSN determinam que a pele é um dos hits até 2014, a mensagem é a seguinte: se o "dinheiro" quer pele, ele terá. E a terá com a assinatura dos maiores estilistas do mundo.


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