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Crítica Drama

Documentarista brilha em longa de ficção

Diretor de "Na Neblina", Sergei Loznitsa não teme confronto com os atores e com o drama que eles representam

SÉRGIO ALPENDRE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Elogiado por seus documentários, o diretor bielorrusso Sergei Loznitsa chega a seu segundo longa de ficção com "Na Neblina" (2012).

O primeiro, "Minha Felicidade" (2010), tem imagens contemplativas e ritmo lento, cacoetes de um aprendiz tateante do cineasta russo Andrei Tarkóvski (1932-86). Muitos críticos gostaram, mas em matéria de dramaturgia, o longa não vai muito longe.

"Na Neblina" é diferente, mesmo sendo igualmente contemplativo. Mostra um cineasta que amadureceu rápido para o registro ficcional, sem abandonar suas obsessões existenciais.

Desta vez, ele não teme o confronto com os atores e com o drama que representam. Não teme, em outras palavras, o cinema da representação.

Durante a Segunda Guerra Mundial, quatro trabalhadores soviéticos sabotam a ferrovia em que trabalham, então controlada pelos alemães. Todos são apanhados e enforcados, exceto Sushenya, que passa a ser acusado de traição por seus pares. Um pequeno incidente o salva quando estava prestes a ser executado.

Sushenya sai ileso de um novo encontro com a morte, mas passa a sofrer um terrível dilema: como viver sendo acusado injustamente de traição? Teria sido preferível a morte. Seria mais honroso em tempos de guerra.

Durante quase toda a projeção, vemos o martírio de Sushenya. Loznitsa respeita o tempo cadenciado necessário para que sintamos o drama moral do personagem, seu caráter sorumbático.

Os flashbacks entram brilhantemente no processo, invasivos e reveladores. A câmera movimenta-se lentamente por entre as árvores, perseguindo os atores e enquadrando-os com maestria notável em meio à floresta.

O ritmo lento acentua a aflição do personagem, e o diretor sabe que a rigorosa construção do filme leva a um desfecho inevitável, que aqui é brilhantemente encenado.


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