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"Todos os Poemas" expõe faceta pouco conhecida de Auster

Livro apresenta a produção poética do autor americano, escrita nos anos 1970, antes de se dedicar aos romances

Escritor abandonou os versos em 1979, mas a década voltada a eles influenciou toda a sua obra futura em prosa

LUCAS FERRAZ EM NOVA YORK

O ano de 1979 marcou uma virada na vida do escritor americano Paul Auster, 66. Com o primeiro casamento em crise e quebrado financeiramente, encerrava a década em que se dedicou à poesia em crise existencial e literária.

Sem conseguir escrever desde o ano anterior, ele se arriscava novamente na prosa com o texto experimental "Espaços em Branco", que coincidentemente concluiu na mesma noite em que seu pai morreu.

Para Auster, foi seu renascimento como escritor e ponto de partida para tornar-se um dos mais importantes nomes da literatura contemporânea dos EUA.

Toda sua produção literária até esse período, que marca os anos de formação do autor, acaba de chegar às livrarias.

"Todos os Poemas", editado pela Companhia das Letras, expõe uma faceta pouco conhecida de Auster até mesmo por seu público nos EUA: a reunião de sua obra poética, escrita na década de 1970. O livro também traz "Espaços em Branco" e as "Anotações de um Caderno de Rascunhos", de 1967, compostas quando tinha 20 anos.

"Foi a fundação de tudo o que fiz nos 30 anos seguintes", disse o escritor em entrevista à Folha.

Fragmentos dos romances que tentou escrever nessa época foram usados anos depois na novela "Cidade de Vidro", que compõe um de seus mais famosos livros, "A Trilogia de Nova York".

"Nunca estava satisfeito com o que escrevia. Quando tinha 22 ou 23 anos, decidi que não poderia mais escrever ficção. Então me dediquei apenas à poesia."

EXISTENCIALISMO

Parte dos poemas foram escritos no período em que viveu na França, entre 1971 e 1974. Na segunda metade daquela década, algumas de suas coletâneas foram publicadas em revistas de poesia, mas sem transformá-lo em um nome conhecido.

Há em seus poemas elementos que, mais tarde, ele desenvolveria em sua obra ficcional, como, por exemplo, o existencialismo.

O último poema ele escreveu em 1979. "Descobri que estava me repetindo, a poesia me abandonou", afirmou o escritor. "Talvez algum dia eu ressuscite e escreva [poesia] novamente."

Sobre os diferentes gêneros em que transitou, ele faz uma comparação: "Poesia é como tirar fotografia, enquanto escrever ficção é como dirigir um filme, com imagens e muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo".

Paul Auster não tem dúvida de que "Espaços em Branco" foi um trabalho seminal para sua transição entre a poesia e a prosa.

Inspirado em um espetáculo de dança, ele tentou traduzir a experiência da performance coreográfica. O autor trabalhou no texto por duas semanas. O ponto final foi dado na madrugada do dia 15 de janeiro de 1979, mesma noite em que perdeu o pai.

"Foi algo cruel e estranho, que ainda me machuca. Justo no momento em que voltei à vida, meu pai morre. Foi terrível", recordou Auster.

Após a morte do pai, o escritor começou a trabalhar no que seria seu primeiro romance, "A Invenção da Solidão", em que mescla recordações pessoais, tendo como base a figura paterna, com imagens literárias e artísticas.

Leia a íntegra da entrevista em

folha.com/no1238947


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