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Crítica Fantasia

Filme aborda os limites entre arte e fraude

Com propósitos estreitos e espírito Disney, poder de "Oz: Mágico e Poderoso" está em sua sequência inicial

INÁCIO ARAUJO CRÍTICO DA FOLHA

O poder de "Oz: Mágico e Poderoso" está em seu princípio. Estamos no Kansas, em preto e branco, início do século passado.

Num espetáculo de feira, o prestidigitador Oz faz sua secretária levitar. Alguém na plateia vê os fios que a seguram no ar e clama "fraude". Ao que o mágico, com um gesto vigoroso, golpeia com uma faca as cordas pelas quais o corpo se mantinha suspenso.

A mágica se mantém, mas será Oz um artista ou uma fraude? Ele sabe que é uma fraude, em certo sentido, já que não conseguirá fazer andar a garotinha paralítica que lhe pede auxílio. Eis a dúvida de todo artista: será que sua arte não é mera fraude?

Na verdade, Oz tem outros problemas: as garotas que já seduziu na vida, em dado momento, começam a aparecer, e então não há mágica que resolva. Isso e outras coisas fazem Oz subir num balão que o levará ao coração de um tornado. Parece o fim.

Mas a tempestade o levará ao reino de Oz, muito colorido e cheio de 3D. Na terra fantástica, há uma boa bruxa, que vê nele o escolhido para livrar o reino da bruxa malvada.

Entre bruxas de verdade, Oz sabe que não pode ser senão uma fraude. A maior magia a que pode aspirar é a de Thomas Edison, a das imagens animadas. Assim, tudo vai bem até o momento em que se fica sabendo que a bruxa má na verdade era a bruxa boa e vice-versa.

A imaginação então se retrai e dá lugar a um colorido porém enfadonho embate entre bruxas, com Oz tomando o partido do bem, claro.

O clímax do filme, quando Oz coloca em ação sua "magia" (o cinema, em suma), recupera, ainda que parcialmente, o encanto proposto no início: Oz poderá enfim demonstrar que não é uma fraude. Mas para chegar a isso, aquele malandro cheio de encantos do princípio, aquele enganador (de mulheres, em particular) deve se retrair à condição de bom moço.

Daí a sensação ambígua que pode experimentar em dado momento o espectador deste filme de Sam Raimi: às vezes podemos pensar que tudo seria muito mais encantador se Johnny Depp estivesse no lugar de James Franco.

Com o tempo, notamos que está bem assim: a estreiteza de propósitos, o espírito Disney que paira sobre o reino de Oz, não faria bem a Depp.


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