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Crítica Comédia

Filme reflete carência de bons papéis para atores mais velhos

DO CRÍTICO DA FOLHA

O que está acontecendo com Al Pacino? Estará sofrendo do mesmo mal de Robert De Niro, que parece ter perdido a capacidade de ler um roteiro e avaliar o tamanho do abacaxi? E Christopher Walken? E Alan Arkin? Será que nenhum deles leu o roteiro de "Amigos Inseparáveis" antes de filmar?

Com um elenco desses, as expectativas eram as mais altas possíveis. Mas "Amigos Inseparáveis" é uma grande decepção. Chega a ser melancólico. O filme é uma comédia policial sem graça e sem ação, que reflete a carência de bons papéis para atores mais velhos em Hollywood.

No filme, Al Pacino interpreta Val, um criminoso que sai da cadeia depois de 28 anos e encontra seu velho comparsa, Doc (Christopher Walken). Doc está em crise de consciência, já que tem a missão de matar o amigo a mando de um mafioso e tem até a manhã do dia seguinte para cumprir a "tarefa".

O roteiro usa o truque da "contagem regressiva", em que o clímax é estabelecido desde o início e o filme vira uma corrida contra o tempo. Toda a história se passa em uma noite, quando os dois velhos amigos saem para farrear e encontrar outro companheiro, Hirsch (Alan Arkin).

É inacreditável que atores tão talentosos e experientes não tenham conseguido detectar a ruindade do roteiro, cheio de piadas sem graça, situações inverossímeis e diálogos estapafúrdios.

Há uma longa piada envolvendo uma overdose de Viagra, que periga ser a pior coisa já filmada por Al Pacino. E Christopher Walken parece até constrangido em falar um texto tão ruim. Mas o pior coube a Alan Arkin, numa sequência em que leva duas mulheres para a cama para mostrar sua potência sexual. Chega a ser constrangedor.

Muito se fala na infantilização do cinema norte-americano. Mas, tão ruim quanto essa síndrome de Peter Pan, é a negação da velhice nos filmes hollywoodianos, em que personagens mais velhos só são felizes quando agem como adolescentes, dirigindo carrões envenenados e paquerando gatinhas na pista de dança.

Que atores icônicos como Al Pacino, Christopher Walken e Alan Arkin tenham se prestado a isso é desanimador.

(ANDRÉ BARCINSKI)


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