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Crítica - Drama

Iluminação delicada e cenário intimista contam boa história

LUIZ FERNANDO RAMOS CRÍTICO DA FOLHA

Rapsódia encenada. "Cais ou da Indiferença das Embarcações", da Velha Companhia, é uma surpresa. Com texto e direção de Kiko Marques, o espetáculo mobiliza um coletivo talentoso para contar a saga de duas famílias cujos laços de amor e ódio atravessam três gerações.

O lugar onde se desenrolam as ações é a Ilha Grande, no Estado do Rio, e mais precisamente o cais onde atracam os barcos que fazem a ligação com o continente.

Nesse espaço de passagem, o autor combina memórias da infância passada na ilha com uma intrincada história de amores irrealizados e mortes transcorridas ao longo do século 20. A sina dos personagens é projetarem seus sonhos de felicidade daquele cais e de lá mesmo contemplarem seus afundamentos.

Quem narra os fatos e alterna os tempos narrados para frente e para trás é um barco, o Sargento Evilázio, que por décadas transportou os presos levados para a Ilha Grande, até ser esquecido quando o presídio ali existente foi desativado.

Ele é encarnado pelo veterano ator Walter Portela, que fez sua carreira no CPT de Antunes Filho e aqui encontra uma justa homenagem como convidado especial.

Nem tudo é trágico nessa trajetória de destinos marcados e desejos irrealizados. Há momentos líricos, cômicos e até melodramáticos. Mas em todos esses registros a entrega e a presença efetiva dos intérpretes permite ao público, como um leitor de romance, montar as cenas fragmentadas em um único enredo.

A iluminação delicada e o espaço cênico intimista resgatam procedimentos esquecidos do teatro para contar uma boa história. A Velha Companhia oferece uma contribuição singular, capaz de vencer as indiferenças.


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