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Cinéfilos S.A.

Fãs captam US$ 2 milhões para levar série "Veronica Mars" para o cinema e mostram um futuro alternativo para Hollywood

RODRIGO SALEM DE SÃO PAULO

Na noite de entrega do último Oscar, uma pequena revolução teve início quando "Inocente", de Sean Fine e Andrea Nix, ganhou a estatueta de curta de documentário: foi o primeiro filme financiado pelo site de crowdfunding (financiamento coletivo) Kickstarter a vencer o prêmio.

A maior indústria cinematográfica do planeta não costuma se importar com um simples curta que angariou US$ 52 mil (R$ 104 mil) para ajudar na distribuição e na campanha de marketing.

Dez dias depois, no entanto, veio o recado que todo executivo entende.

A proposta de financiar um filme baseado em "Veronica Mars", série pouco vista, mas cultuada nos EUA entre 2004 e 2007, foi jogada pelo diretor Rob Thomas no Kickstarter.

Se ele captasse US$ 2 milhões em 30 dias, o longa seria filmado, enquanto a Warner, dona dos direitos do programa, cuidaria da distribuição e do marketing.

O projeto alcançou o objetivo em 12 horas e já arrecadou US$ 3,7 milhões (R$ 7,4 milhões), bancados por 57 mil fãs que gostariam de ver a série ganhar nova vida no cinema -as doações iam de US$ 10 (R$ 20) a US$ 10 mil (R$ 20 mil) e geraram recompensas: a mais alta era a possibilidade de ter um papel falado no filme.

A notícia é uma bomba para Hollywood. Apesar de "Veronica Mars" ter passado pela aprovação da Warner, o processo de cortar o atravessador (o estúdio) se apresentou com força pela primeira vez.

FIM DOS ESTÚDIOS?

"Se as pessoas podem pagar para criar filmes, não precisamos mais de estúdios. A Warner acabou de anunciar seu fim", decretou o cineasta independente Joe Swanberg ("Drinking Buddies").

"Não gosto de antecipar grandes mudanças por causa de um incidente particular, mas isso pode convencer os estúdios a permitir expansões da propriedade intelectual", declarou John Rogers, criador da série "Leverage".

O fato é que filmes com financiamento coletivo atraem cada vez mais nomes importantes. David Fincher, cineasta de "A Rede Social" (2010), colocou seu desenho "The Goon" para coletar US$ 400 mil (R$ 800 mil) e compor um storyboard animado.

Paul Schrader, diretor de "Gigolô Americano" (1980), conseguiu US$ 160 mil (R$ 320 mil) para ajudar no financiamento de "The Canyons", seu polêmico projeto com Lindsay Lohan e um ator pornô.

SÉRIES RESSUSCITADAS

Agora, séries consideradas mortas podem ser resgatadas por seus fãs no cinema.

Zachary Levi, protagonista de "Chuck" (série extinta ano passado), já está fazendo campanha on-line, enquanto o criador de "Pushing Daisies" (2007-2009) diz que precisaria de mais dinheiro que " Veronica Mars" por causa dos efeitos e maquiagem.

Até brasileiros nos EUA estão aproveitando a plataforma. A roteirista Luciana Faulhaber, que mora em Nova York, colocou seu filme de horror "Don't Look Back" no Kickstarter e, faltando quatro dias para o fim da captação, precisa de US$ 18 mil (de US$ 50 mil) para ter o sinal verde.

"Após a queda da economia americana, os estúdios estão mais medrosos. Então, precisamos arrumar maneiras de gerar nosso próprio trabalho", explica Luciana.


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