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Crítica - Ação

"Parker" dribla expectativas ao apresentar trama com a típica pulsão das produções B

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Artesão à moda antiga, Taylor Hackford é do tipo de diretor que abdica de um estilo próprio para servir ao gênero no qual trabalha no momento. Mais ou menos como um atual Michael Curtiz (diretor de "Casablanca"), se é que podemos compará-los.

Tomemos dois filmes como exemplo. Em "Advogado do Diabo" (1997), Hackford despe-se de todo tipo de maneirismo e deixa que Al Pacino domine as cenas com uma afetação calculada e eficiente.

Na cinebiografia "Ray" (2004), parece tomado pelo espírito de Martin Scorsese e realiza um filme febril e delirante, exatamente como o Ray Charles que vemos na tela.

No mais recente "Parker", por sua vez, temos um filme de assalto vagabundo, e dos bons. Serve como veículo para Jason Statham, um desses atores carismáticos sem que se saiba bem por que motivo.

Ele vive o famoso ladrão criado por Donald E. Westlake, escritor americano que morreu em 2008. O personagem já havia aparecido em diversos outros filmes, mas com outro nome.

Os mais famosos são "À Queima-Roupa" (John Boorman, 1967), com Lee Marvin, e "O Troco" (Brian Helgeland, 1999), com Mel Gibson. Diretores como Jean-Luc Godard e o injustiçado John Flynn também adaptaram histórias do personagem, em "Made in U.S.A." (1966) e "The Outfit" (1973), respectivamente.

Diante de tamanho pedigree cinematográfico, esta nova aventura empalidece. Sua estatura é bem mais discreta, embora tenha charme.

Parker é uma espécie de ladrão justo, que só rouba gente de muitas posses e só machuca quem realmente merece ser machucado.

Quando é traído, logo no início, tenta resgatar o que lhe devem, com a ajuda de uma corretora imobiliária (Jennifer Lopez).

Com algum humor e uma boa dose de violência, o filme lida bem com certos clichês do cinema de ação: herói que "tem nove vidas" (como diz um personagem), armas que não disparam, matadores de aluguel que aparecem sorrateiramente, mulheres sedutoras.

Mérito de Hackford, que domina o ritmo das sequências, consegue de cada ator a interpretação no tom certo e, claro, dribla a verossimilhança a todo momento em favor de uma pulsão cinematográfica típica de filmes B.

É curioso como algumas expectativas são dribladas. Por exemplo: Lopez é uma mulher madura e sedutora.

Separada, ela apaixona-se por Parker, mas percebe que nunca terá uma chance com ele, pois o coração do protagonista já pertence a outra (a filha de um ladrão veterano).

Sua recompensa virá de outra forma.


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