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Crítica - Comédia

Com humor infantil, filme desperdiça elenco

Piadas da comédia nacional "Vai que Dá Certo", com Fábio Porchat e Gregório Duvivier, têm padrão "Zorra Total"

SÉRGIO ALPENDRE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Entre as comédias brasileiras recentes, "Vai que Dá Certo" é uma das mais constrangedoras. São muitas piadas, nenhuma graça, numa equação cruel com o espectador.

É triste essa constatação, pois Maurício Farias havia dirigido anteriormente o interessante, embora irregular, "Verônica", uma releitura do grande "Gloria", de John Cassavetes, com a ótima Andréa Beltrão como protagonista.

O filme começa com amigos chegando para uma partida amadora de futebol. Os diálogos revelam como são bobos. Após a prática do esporte, passam o resto do dia bebendo e gritando. Trabalhar? Para quê?

A ressaca do dia seguinte não impede a autoanálise: eles estão na pior. A loja de videogames dos dois irmãos é um fracasso, o professor de inglês não consegue dar aulas e o músico é dispensado do bar onde tocava para bêbados.

A solução, claro, é participar de um assalto. Vemos a seguir o preço da inaptidão. Eles claramente não nasceram para roubar ninguém.

Estamos dentro do subgênero "comédia de assalto", algo que um diretor como Mario Monicelli soube explorar com precisão e ironia em "Os Eternos Desconhecidos" (1958), clássico com Totó e Marcello Mastroianni.

CARICATURA

Parte da piada consiste em colocar alguns atores cariocas (e fluminenses) interpretando personagens paulistanos. E dá-lhe caricatura nos sotaques e costumes, algo bem comum nas novelas da Globo.

De fato, é possível considerar que Farias, talvez de forma involuntária, tira sarro dos paulistanos de periferia, mostrando-os como atrapalhados, oportunistas e otários. Nenhum problema com isso, uma vez que esculachos costumam inspirar comédias interessantes, aqui ou alhures.

O problema é que não existe uma única piada no filme que escape ao padrão "Zorra Total" de humor infantil, do tipo que os humoristas de "Os Trapalhões" faziam muito bem até os anos 1980, sem ter deixado herdeiros.

Uma pena, pois temos assim um desperdício de atores como Fábio Porchat, Danton Mello, Natália Lage, Bruno Mazzeo e Gregório Duvivier.

Não são craques da comédia, e a bela Natália Lage nem mesmo é comediante. Mas todos poderiam render muito mais caso o registro não fosse retumbantemente pífio.


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