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diário de londres

A batalha do Tâmisa

Skatistas enfrentam o capital na orla do rioo mapa da cultura

BERNARDO MELLO FRANCO

De um lado, um plano milionário, empresários ansiosos por lucros e a direção de um dos maiores centros culturais privados de Londres. Do outro, skatistas, grafiteiros e alguns ativistas virtuais.

A batalha é pelo vão de concreto sob um dos prédios do Southbank Centre, complexo de teatros, galerias de arte e salas de cinema na margem sul do rio Tâmisa.

O espaço é ocupado por jovens de várias gerações desde a década de 1970, quando os pioneiros descobriram que suas rampas e desníveis eram um convite a manobras radicais. Agora corre o risco de ser varrido do mapa para dar espaço a cafés e lanchonetes.

A exploração comercial está prevista no plano de remodelação da área, orçado em R$ 360 milhões. A instituição ofereceu um espaço alternativo aos skatistas, embaixo de uma ponte próxima, mas eles prometem resistir e buscam ajuda para a causa na internet.

Um abaixo-assinado contra o despejo, abrigado no portal change.org, já beira as 40 mil assinaturas. Criada para pressionar o governo, a página virou um museu informal do lugar, reunindo depoimentos de adolescentes e cinquentões saudosos dos tombos no chão gelado.

Aos poucos, a turma começa a ganhar apoio de antropólogos e urbanistas respeitados. O argumento deles é simples: a ocupação virou parte da cultura londrina e merece ser protegida, assim como a estátua do almirante Nelson e o canto do Hyde Park onde os malucos sobem no caixote para discursar. Os turistas, que se amontoam para ver o vaivém das pranchas sobre quatro rodinhas, parecem concordar.

A FILA DO CAMALEÃO

A fila começa cedo e, depois que o museu abre as portas, se estende entre vasos e porcelanas da China antiga. É a única maneira de conseguir ingressos para a exposição "David Bowie Is", que quebrou os recordes de bilheteria do Victoria & Albert Museum. Antes do início da mostra, há dois meses, mais de 42 mil pessoas já haviam comprado bilhetes pela internet. A venda antecipada se esgotou depois do lançamento de "The Next Day", primeiro álbum do camaleão do rock depois de uma década de silêncio.

A espera vale a pena mesmo para quem não lembra o que vem depois do refrão "Ch-ch-ch-ch-changes". A retrospectiva recria os passos do artista, do subúrbio londrino de Brixton ao megaestrelato mundial. Cada visitante recebe um fone de ouvido, e a trilha muda conforme se caminha entre fotos, rascunhos originais de letras e figurinos usados no palco.

Depois de alguns minutos, muita gente esquece que está no museu e começa a sacolejar como se estivesse diante do ídolo.

SACUDINDO O ESQUELETO

De todas as homenagens a Margaret Thatcher, esta deve ser a mais estranha. Uma boate em Chelsea espalhou fotos, miniaturas e até a voz da Dama de Ferro por ambientes embalados pelo rock britânico dos anos 80. A maior surpresa está nos banheiros, com pequenas caixas de som que reproduzem discursos da primeira-ministra contra os sindicatos, o comunismo e a esquerda.

Aberto em 2010, o Maggie's teve que se defender na internet quando Thatcher foi alvo de protestos post-mortem, no mês passado. "Quaisquer sejam nossas visões políticas, MT tem um lugar inegável na história e será lembrada no Maggie's como o maior ícone dos anos 80", disse a direção da casa, no Twitter.

Não é preciso ser conservador para dançar.

MARCHA PARA O OESTE

Elas começaram no centro, rumaram para o leste, atravessaram o rio e agora se lançarão em marcha para o oeste. Como um exército em campanha, as bicicletas públicas vão se multiplicando e aumentando sua presença no mapa de Londres. Em um ano, mais 4.000 devem ganhar as ruas da cidade.

O programa de aluguel leva o nome de um banco, mas é conhecido como Boris Bikes. O apelido remete ao prefeito Boris Johnson, um ás do marketing político que capitalizou a ideia do antecessor, Ken Livingstone, e virou ídolo dos cicloativistas.

O sistema é um sucesso e já transformou as bicicletas azuis em parte da paisagem londrina, assim como os táxis pretos e os ônibus vermelhos de dois andares. Entre os próximos bairros a recebê-las, estão Putney, Hammersmith e Fulham.

O último da lista tem duplo motivo para comemorar. Após uma campanha desastrosa no Campeonato Inglês, o brioso Fulham Football Club acaba de se safar da ameaça de rebaixamento.


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