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Diário de Lisboa

O MAPA DA CULTURA

Já não somos entroikados

O adeus (ou até logo) português ao FMI

ISABEL COUTINHO

No dia 17 de maio dissemos adeus à troika. Nesse dia completamos três anos de execução do memorando acordado pelas autoridades portuguesas e pela troika, o triunvirato formado por Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

O país regressou aos mercados e equilibrou as contas públicas, mas ninguém pode afirmar que está melhor do que em 2011.

Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que o desemprego em Portugal atinge 261,8 mil pessoas (entre 45 e 64 anos) e que 307 mil estão à procura de emprego há mais de 25 meses. Estamos mais pobres (um quarto dos portugueses tem dificuldades em satisfazer necessidades básicas), 300 mil partiram ao estrangeiro nos últimos anos, pagamos mais impostos e a reforma do Estado foi sendo adiada.

Num dos cartuns publicados no jornal "Público" desse dia, a personagem Bartoon, criada por Luís Afonso, recebia a visita de um homem do FMI para se despedir e lhe dizia: "Adeus, até ao meu regresso". Bartoon, admirado, perguntava-lhe: "Vocês vão voltar?" E o homem do FMI respondia: "Claro. Vocês têm um clima político-econômico-meteorológico tão bom que é impossível não pensar em vir de novo!".

Mas a verdade é que a troika só deixará o país quando conceder a última fatia do empréstimo de 78 bilhões de euros, o que deve acontecer este mês de junho. E depois continuará a vigiar-nos.

TOMAR CONTA DE NÓS

Por isso, a pergunta que marca a atualidade é aquela que a "Cabide", a primeira revista portuguesa "ao vivo" (que não existe impressa em papel, nem sequer em versão digital, e acontece de quinta-feira até este domingo, no Cinema São Jorge), faz na sua capa: "Saberemos tomar conta de nós?". A "Cabide" é tal e qual uma revista: tem dois diretores --o jornalista João Pombeiro e o designer Luís Alegre--, uma capa que está exposta na fachada do São Jorge e uma programação (cabide.sapo.pt).

As respostas --ao "depois da troika saberemos tomar conta de nós?"-- são dadas em palco pelo ensaísta Eduardo Lourenço na entrevista ao vivo de Carlos Vaz Marques, o jornalista e editor da "Granta" em Portugal; no ensaio "Saída Limpa, Portugal na Lama", que o escritor Pedro Rosa Mendes apresenta no cinema, na conferência que o escritor Gonçalo M. Tavares dá com o tema "É Preferível um Anjo a uma Pedra" e na "Carta de Despedida à Troika" do encenador Tiago Rodrigues.

LUXÚRIA CANIBAL

"Pelo Meu Relógio São Horas de Matar" é o título do novo álbum do grupo de rock Mão Morta, que no ano passado participou da Virada Cultural em São Paulo (mao-morta.org). A banda de Adolfo Luxúria Canibal, que comemora 30 anos e há quatro não lançava um disco, provocou por estes dias polêmica ao lançar o vídeo do single "Horas de Matar", realizado por Rodrigo Areias (bit.ly/1h9Fuck).

O cantor, que é também advogado, aparece de arma em punho em cenários como o Palácio de Belém (residência oficial do presidente) e a Assembleia da República e dispara sobre banqueiros, padres e políticos.

Enquanto isso, o resto da banda empunha bandeiras e, por trás deles, passam imagens reais de manifestações nas ruas e de políticos portugueses. Já vieram dizer que não incitam à violência e que querem "contar a história de um português de classe média, que vivia até à crise uma vida individualista e que com a crise ganha preocupações sociais".

LA MOVIDA LISBOETA

Mas, com troika ou sem troika, Lisboa não para. No fim de semana passado, era como se a cidade fosse um estádio por causa da final da Liga dos Campeões, e como se Madri inteira tivesse se mudado para cá. Os adeptos do Real e do Atlético esgotaram a cerveja e dizia-se que nunca se viu nada assim desde a vinda do papa, em 2010.

Nuestros hermanos tinham novidades: o Mercado da Ribeira ganhou 30 restaurantes, alguns de chefs famosos, e o Mercado de Campo de Ourique, também com novos restaurantes, que foi buscar na reforma inspiração no Mercado de San Miguel, em Madri. Olé!


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