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Diário de Nova York

o mapa da cultura

Picasso em tons de cinza

Guggenheim mostra a gênese de 'Guernica'

RAUL JUSTE LORES

DUAS EXPOSIÇÕES investigam a preparação de algumas das maiores obras da arte ocidental.

Em cartaz até janeiro, "Bernini: Esculpindo em Argila" (bit.ly/berninimet), o Metropolitan exibe 50 modelos originais em argila e 30 esboços feitos por Gian Lorenzo Bernini (1598-1680), grande escultor do barroco italiano.

Seus rascunhos em miniatura preparavam as grandes obras em mármore que virariam ícones de Roma, como a colunata da praça de São Pedro, no Vaticano, e a fonte dos Quatro Rios, na Piazza Navona.

A exposição ainda mostra painéis gigantes com as fotos das obras em Roma para que o visitante possa comparar rascunho com a arte final. Entre as muitas atividades paralelas, em 1º de dezembro haverá uma demonstração de dois artistas que vão trabalhar lado a lado, um em argila, o outro usando ferramentas digitais, para mostrar o processo de esculpir e dos esboços de Bernini.

PICASSO PRETO E BRANCO

Na outra exposição, no Guggenheim -que deixou para trás a fase de exibir carros, motos e realizar outras mostras de aluguel-, Pablo Picasso (1881-1973) aparece em todo o seu esplendor preto e branco. Com 118 obras feitas pelo espanhol entre 1904 e 1971, metade delas em mãos privadas (cinco jamais expostas em público), o banquete monocromático remete a todo trabalho que permitiu o surgimento do "Guernica", apesar de jamais ter havido uma fase "preto e branco" do pintor, como houve a azul ou a rosa.

Como disse Gertrude Stein, em frase destacada no catálogo da exposição, "há uma variedade infinita de cinza nesses quadros, e pela vitalidade da pintura, o cinza vira uma cor". "Picasso em Preto e Branco" também fica em cartaz até janeiro.

EFEITO PÓS-SANDY

Manhattan e Brooklyn poderiam ter margens verdes, com mangues e parques alagadiços capazes de absorver a continuada elevação dos oceanos e ilhotas artificiais que contenham a fúria do mar.

Uma semana depois do ciclone pós-tropical Sandy que paralisou boa parte de Nova York, já há uma enxurrada de projetos para reinventar a cidade, prepará-la para mudanças climáticas e devolver à natureza a área concretada nas beiradas de Manhattan por vias expressas e construções.

Cinco décadas depois que a jornalista Jane Jacobs (1916-2006) liderou uma batalha que acabou engavetando um minhocão e uma via expressa que mudariam para sempre o Village e o Soho, a cidade já não sofre com a falta de ativistas, nem com vozes que apresentem planos urbanísticos para a prefeitura.

Das veteranas Regional Planning Association e Municipal Arts Society a mais recente e tecnológica Open Plans, não faltam organizações da sociedade civil debatendo como proteger a cidade e criar ruas mais absorventes.

Como aconteceu com o Tolerância Zero ou o High Line, as ideias anti-enchentes de Nova York têm tudo para inspirar cidades que precisam lidar melhor com as águas.

COMO SOBREVIVER

O Occupy Wall Street, o movimento que queria reformar o capitalismo, mas que se reduziu a um punhado de anarcopunks na Union Square em menos de um ano, teria muito a aprender com o documentário "Como Sobreviver a uma Praga", de David France (trailer em bit.ly/comosobreviver).

O filme, que foi exibido no Brasil durante o último Festival de Cinema do Rio, recorda os primeiros anos da epidemia da Aids e uma ONG formada por portadores do vírus que conseguiu pressionar governo e laboratórios farmacêuticos a investigar a doença.

Enfrentando uma questão de vida ou morte, os líderes da organização Act Up precisaram virar mais que ativistas -aprender conhecimentos científicos para contra-argumentar preconceitos e criar uma máquina de relações públicas de alto impacto, que comprou variadas brigas, do presidente George Bush (o pai, 1989-92) ao Vaticano.

Com grande arsenal de imagens -até as assembleias eram filmadas- o filme emociona com discursos e protestos muito originais -como a gigantesca "Camisinha cristã" que quase invade a Catedral de Saint Patrick. Uma luta iniciada em Nova York conseguiu mudar a história de uma epidemia e, mais uma vez, inspirar o mundo.


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